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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Adeus 2012

Em todo esse universo que envolve "números" me sinto perdida principalmente quando estes têm a ver com "período de tempo". Para ser sincera, não consigo enumerar mais de cinco coisas relevantes que aconteceram este ano, mas não por que o ano tenha sido ruim, mas por não saber exatamente se foram neste, em outros ou vidas passadas que passei por tais coisas bacanas.

Uma delas - tenho certeza, pois tenho acesso a data exata - talvez seja, a retomada deste blog. Ainda não são os números de me orgulhar, pois a meta seria ter assunto todos os dias, mas a rotina impede a criatividade e o desenvolvimento das ideias que travam no meio das viagens diárias ou das noites mal dormidas.

Aos trancos, barrancos e horários impróprios, felizmente, consigo expor minhas opiniões, receber críticas e, por isso, todos os dias me obrigo a pensar em coisas mais relevantes e desenvolver assuntos inspiradores a fim de desenvolver novos textos e compartilha-los como uma rede de pensamentos com vocês.

Agradeço imensamente todos os visitantes, leitores curiosos, comentaristas da vida, os que compartilham abertamente, os que me contam em segredo que gostam do que leem e os que me inspiram a contar suas histórias. Muito obrigada!

Espero que o ano de 2013 seja de muitos acontecimentos - e será! Como consequência, terei bastante assunto para compartilhar e, assim, desenvolver textos cada vez mais interessantes. O que eu pretendo escrevendo sobre a vida? Ainda não sei, só sei que está funcionando.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Eu odeio o Natal

Me lembro vagamente dos Natais felizes. Na época, ainda não entendia muito bem o tal espírito natalino, até por que, a minha volta, como também na TV, via muita integração entre adultos movida pelo álcool com o propósito de se embebedar e não usar a bebida como forma de integração social.

Até que um dia, ainda quando criança, deram fim aquela árvore gigante que escondia os presentes do Papai Noel e aquela ceia farta que durava até o dia seguinte. Junto se foram a música alta do vizinho, os fogos e tiros misturados, a conversa paralela, as risadas. Acabou.

Nos anos seguintes, a data passou a ser comemorada durante os almoços, pois todos tinham melhores coisas a fazer do que estar com a família, como pede a tradição. Nessa época já sabia o que a data representava, porém não conseguia entender o porquê de, ao invés de unir, mostrava o pior das pessoas, fazia com que aflorasse as reclamações e fofocas que não foram expostas e, muito menos, resolvidas ao longo do ano. Os sorrisos continuavam presentes, mas os olhares eram cada vez mais fuzilantes.

O perdão e o amor não estavam presentes, mas a conveniência. Parecia que era uma obrigação reunir todos aqueles que tem o nosso sangue para comemorar, interagir e alimentar aquele sentimento bom de união. Lembro que durante anos ficava acordada sozinha na sala aguardando a chegada do Papai Noel, mesmo não acreditando na sua existência fisica. 

Eu chorava. Ainda choro de tristeza por não ter a força suficiente de ser um elo de ligação entre as pessoas que eu gostava, fazer com que elas entendessem a importância de estarem juntas apenas. Não consegui e não consigo até hoje. Isso é uma grande frustração.

Anos mais tarde, para não passar essa data sozinha, escolhia pessoas de quem eu gostava para estar a meia noite. Era julgava, sim, pelos olhares que não entendiam o por quê de eu não estar com a minha família. Explicava que nossa ceia era durante a tarde por alguns problemas que enfrentávamos na época, como as doenças. Só assim diminuíam.

Agora, já adulta, as coisas parecem piorar. Sei, escuto, entendo e me calo sobre tudo o que acontece a minha volta. Tantos problemas alheios a mim que não posso resolver sozinha e que influenciam na convivência, além de, é claro, ter que aturar a hipocrisia das pessoas em desejar algo que não sentem. Não fiz questão de desejar "feliz natal" pra muita gente, não que elas não mereceçam, mas não me sinto a vontade em dizer o que não disse em 364 dias e, por causa de um dia, somente um dia, esquecer de todas as coisas ruins que me fizeram para falar uma frase que não significa nada se a gente não disser de coração. 

Todo esse fingimento de desejo de felicidade, de gratidão e perdão me dão nauseas por saber que só tem a duração de pouco mais de 24h. Amanhã o espírito natalino estará de ressaca e vocês só o verão novamente daqui a um ano. Até lá!


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Polaridade

Você é certeza, eu o paradoxodo
Você é calmaria, eu a explosão
Você é ambição, eu o freio
Você é devaneio, eu a lógica
Você é vento, eu o solo 
Você é segurança, eu a liberdade
Você é a defesa, eu o ataque
Você é suor, eu o arrepio
Você é romance, eu o racional 
Você é sóbrio, eu o multicolorido

Você é, eu.

Dedicado a João Paulo Alves.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Submissão feminino-religiosa

Um das coisas que mais gosto de presenciar são debates. Na maioria das vezes, eu nem me intrometo no assunto, pois gosto de ver as opiniões divergentes se entrelaçando na minha cabeça e  abrindo minhas ideias para um universo novo de questionamentos. Mas quando isso não acontece na mesa do bar, na casa de amigos ou mesmo em longas conversas de telefone, me apego em comentários (com conteúdo) nas redes sociais e nos portais de comunicação. É muito interessante essa diversidade.

Como todos os dias, hoje não foi diferente. Um novo vídeo surgiu para ferver mentes, pois tratava de dois assuntos que sempre geram polêmica: o machismo e a religião. Abaixo você pode assistir um pedacinho do vídeo e saber um pouco da ideologia dessas senhoras de família e trabalhadoras (um paradoxo que ainda não compreendi, mas que vou expor logo, logo).



Assim que me deparei com esse vídeo, busquei de todas as formas não ter uma opinião formada sobre o que diziam. Tentei somente ouvir aquilo como uma verdade absoluta para elas e que, logicamente, alguns seriam completamente contra a tais afirmações.

Primeiramente, vamos falar sobre o paradoxo. Essas mulheres são visíveis líderes religiosas pregando para uma centena. Se, de acordo com elas, a mulher deve ser submissa ao homem, como então se tornaram uma voz ativa em meio a tantos? Fico na dúvida se conseguiram isso com as próprias pernas ou se algum ser do sexo masculino as ajudou a chegar nesse nível de gerenciamento mental coletivo.

Em alguns momentos elas afirmam que o papel da mulher em casa deve ser diferente. Que sim, ela pode trabalhar fora, já que as mesmas trabalham como pastoras, administradoras, cantoras, mas não deve deixar de lado as responsabilidades do lar. Se elas exercem as duas funções, esposa e funcionária, significa que suas seguidoras (e filhas) também podem ter essas duas funções, não é mesmo?

Porém, diferente disso, pregam que as meninas devem ser ensinadas a ser mães, donas de casa e não serem incentivadas a se formarem e serem independentes financeiramente, mentalmente e fisicamente. Não sei em que século essas senhoras se encontram e quantos sutiãs elas apagaram em meio a tanto incêndio de luta feminista para afirmarem que a dependência seja uma coisa gloriosa. Primeiro, uma coisa não anula a outra e, se a mulher de hoje, inclusive essas senhoras, trabalham fora, como os maridos, tem direitos, como os homens, o por quê sobrecarregar somente em uma das partes de um casamento?

Em que momento a mulher ter uma carreira sólida e de sucesso anula o fato de ser cuidadosa com seu marido, filhos e casa? Também gostaria de entender como elas apoiam o papel do homem como explorador, pois ter um dono que te obriga a fazer as tarefas domésticas sozinha, a estar linda, com a casa arrumada antes de chegar e com as crianças prontas para obedecerem suas ordens não me parece um regime familiar, mas uma ditadura.

No caso, as filhas são doutrinadas a serem esposas e os filhos para serem o que quiserem, um clássico machista! Longe de mim querer ensinar como educar alguém, até por que cada um ensina o que pode e como pode, mas fico admirada com aquele tipo de pessoa, que tem todo o acesso, se restringir e repetir aquilo que lhe foi imposto pela família, pela religião ou pela sociedade. Por isso existem tantos reflexos ruins, por medo de se transformarem em algo diferente do padrão que lhe foi apresentado durante a infância.

Por um lado acho bacana essas senhoras terem exposto as opiniões sobre a estrutura de um lar, afinal liberdade de expressão é isso. Também fico feliz por conseguirem viver dessa maneira, que para mim é uma alienação. Por outro lado, é péssimo esse tipo de pensamento ser proposto do maior para o menor fazendo com que famílias sigam esse tipo de regrinha imposta por qualquer religião que seja. A vida nos apresenta milhares de caminhos a seguir, mas antes dela, os pais tem o dever de mostrá-los, de dizer a opinião deles sobre tais, mas não cabe a eles, usando Deus como escudo, impor o que é certo ou errado, isso é de cada um.

Tanto que, se a sua religião fosse verdade absoluta, não existiria essa variedade de "deuses". Cada um tem seu Deus, sua verdade, seu segmento e isso é muito pessoal. Impor um modo certo de viver pode servir para alguns e não para a grande maioria. Existem tantas famílias mistas que vivem em harmonia, cada um com sua religiosidade e o amor em comum. É o amor que sustenta uma família e não uma proposta retrógrada de como deve se viver.

Um brinquedo de décadas atrás, mas que para estas moças deve ser bem atual.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Faço listas

Listas, sim, mas não que eu seja organizada.

De coisas financeiramente inalcançáveis. Sumi.
Numeradas com beijos, amores. Rasguei.
De convidados das festas que não tive.
Daquelas de supermercado, acrescentei, risquei, amassei.
De presentes que nunca comprei.
Planos que não cumpri.
Objetivos para alcançar a felicidade eterna, fiz.

Conquistei uma coleção de papéis.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Curta sabedoria (Marcus Lotfi)

Eu parto do ponto que a vida tem seu próprio norte
E por mais que eu tente mudar, só me resta ser forte
Você faz um monte de planos e a vida ignora
Também pode morrer amanhã, apesar de estar vivo agora

Não ter medo da queda é quesito pra subir na vida
Quanto a isso, estou certo que a minha missão foi cumprida
O problema é que mesmo sem a vontade de desistir
Chega um tempo que a gente não pode nunca mais cair

Eu sei, isso é uma questão de prioridade
O que conta na vida, o que vai te deixar mais saudade
Se é fama e grana ou sua realização?
Você sempre perde alguma coisa, não tem jeito, não

Eu prefiro seguir meu destino, que desde menino eu já sei qual é
Mas quem disse que esse destino eu é que vou fazer?
Só posso ter foco e fazer sempre o meu melhor
E rezar pra obter o apoio do nosso Senhor

Parece que não mas eu já passei necessidade
Teve dia que eu não tinha grana pro pão nem pro gás
E quem é que não sabe que o riso do show, não é realidade?
Quem ri falsamente só faz pra esconder a dor

Quem é de verdade vai saber do que eu tô falando
Que é fácil remar quando o mar não está jogando
Trabalhar pra bancar o prazer ou fazer o jantar
A formiga trabalha, porém , também sabe cantar

Vai com calma, garoto, na hora de me criticar
De dizer que eu sou desertor da guerra que travei
Vê as canas que eu tomo, mas não vê os tombos que eu levo
Moleque, você não sabe o duro que eu dei

Se soubesse ia me apoiar e sentir muito orgulho
De saber que meus passos são dados com os pés no chão
Escute o conselho de quem já deu muito mergulho
Quem nada sem ter terra a vista, acaba num caixão

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Amor platônico

Esta não é mais uma crítica sobre a banalização do "eu te amo", pois todos já estamos cansados de saber e nos meter nas vidas - e amores - alheios. Muito menos irei falar da manifestação pública, em textos ou atos, do afeto entre casais, pai, mãe, filho... Sabe, de quem a gente "realmente" conhece.

Será que é preciso conhecer para amar? Vejo amores platônicos por pessoas, lugares e coisas que só são saudáveis quando adolescentes somos. Aquela paixonite aguda que se desfaz quando surge outro objeto de desejo mais bonitinho. Aquele país que você sonha em conhecer, deve ser maravilhoso mesmo, pois é necessário desdenhar da própria nação, onde não conhece nem o estado vizinho, para exaltar um ambiente que só sabe da existência pelo que ouviu dizer. Até mesmo aquela bolsa que custa o triplo seu salário, mas você a deseja tanto que despeja todo o seu amor por aquele objeto que sairá de moda em duas estações.

A capacidade e necessidade de amar do ser humano é algo admirável, porém inacreditável. Essa busca interminável por mergulhar em um universo de alguém que não sabe da sua existência, que não o conhece e, muito pior, que só mostra a face que deve ser revelada em público. Como amar parte da pessoa ou o que ela transparece ser? Seja aquele menino bonitinho da sua sala ou até aquele cara que aparece para você todas as noites na TV. Penso que esse distanciamento gera curiosidade, curiosidade gera busca, uma busca eterna do inalcançável e essa fixação pode gerar esse tal amor.

O que chamo de amor platônico não se limita a pessoas, como já disse. É essa mania do ser humano de desejar  e dizer que ama algo só por existir, como se aquilo fosse essencial para a existência. É essa intensidade exagerada desnecessária, o consumismo sem consumir, o ver para ter. Elogiar, ser elogiado, tudo faz parte, porém enquanto o outro usa atributos para ficar apresentável e fazer seus olhos brilharem, faça com que os olhos de outros brilhem por você também.

O ponto não é a adoração em si, mas a veneração de algo inalcançável. Quanto mais distante da nossa realidade, mais interessante o objeto se torna. Por que não olhamos para o lado e vemos as grandiosidades que nossos amigos, parentes ou vizinhos se tornaram? Talvez por que conheçamos também seus defeitos, o que equilibra essa relação de admiração e repulsa.

E o que dizer do amor do brasileiro por outros países. Relação às cegas, já que a maioria nunca saiu nem do seu próprio estado. Acredito que grande parte tem a vontade de conhecer outros lugares, culturas, pessoas e línguas. E, logicamente, cidades turísticas irão mostrar o que há de melhor para atrair mais pessoas e, consequentemente, mais dinheiro. Então, não acredite na ilusão que criaram sobre a perfeição daquele país.

Falar mal do Brasil faz sentido, lógico, pois a maioria das regiões não tem saneamento, asfalto, coleta de lixo, mas você não está pregado naquele espaço Conheça outros lugares, ninguém te impede, nem te impossibilita, também, de votar em quem irá fazer algo melhor pelo local onde vive - mas isso é assunto para outra postagem.

Por isso penso que muitas vezes devemos que nos distanciar das pessoas que não valorizam o que fazemos, não acreditam no que somos e o não entendem o que pretendemos para que esse afastamento faça despertar a curiosidade e, consequentemente, o amor e o fascínio. Talvez seja este o caminho das pedras para aqueles que são o oposto das ideias acima: os que são, que tem, que vivem.

por Daniel Cramer

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Indiretas

Leio frases nas redes, aquelas famosas indiretas e penso ser um alvo em potencial. Felizmente, ter esse espírito positivista não me deixa abater diretamente por depreciações, pois estas cada vez mais me fazem refletir sobre erros e acertos cometidos.

Mesmo após o choque da informação, não externo felicidade ou indignação, para a tristeza de alguns, ou, até mesmo, rebato a afirmativa por, pura e simples, preguiça. Agradeço, de coração, a todos os envolvidos por plantarem a iniciativa de me fazerem refletir profundamente sobre mim, mesmo nem sempre seja o alvo de críticas.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Diálogo

— Nem ligo. Eu quero que esse povo se dane. Tô cansada de "ter que" sempre alguma coisa pra ser aceita, para ser escutada. Tenho que ter cabelo "normal", tenho que ligar para as pessoas que não ligam pra mim (no figurado e no físico), tenho que ir, tenho que fazer, tenho que julgar...Só acho que devo começar a fazer o que eu quero.

— Nossa, que revolta!

— Mas é! Tô cansada disso. Acho incrível o povo se achar no direito de me cobrar coisas que não fazem o menor sentido, já que elas próprias não o fazem. Além disso, acho que quem caga pra certas coisas se aceita melhor e, consequentemente, é aceito (mesmo não precisando disso). Bem Luanapiovinismo mesmo.

— Mas também não é assim, né? Existem as convenções, as padrões...

— As babaquices...

— Se todo mundo fizesse o que desse na telha, o mundo estava o caos. "Ai, vou andar pelado na rua hoje, dane-se!"

— Por exemplo, o meu cabelo colorido influencia em que na vida das pessoas? O que o fato do fulano ser homossexual influencia na vida dos outros? Sicrano ser pobre/ rico/ branco/ negro/ católico/ crente ou macumbeiro vai mudar o que na vida de alguém que não seja?

Porra nenhuma!

— Não sei, faço o advogado do diabo. Tem que pesar os dois lados, por que cada coisa tem a consequência, né! Por exemplo, um gay assumido tem as consequências, um não-assumido, outras.

— Eu sei, mas não tô a fim de me preocupar os lados das coisas. Já me preocupei demais! O "problema" não é o fato de ser, mas das pessoas quererem ou não aceitar. Ninguém tem nada a ver com isso. Esse é o ponto. Se o cara quiser assumir ou não é uma questão interna dele, não dos outros. Entende o ponto de vista?

— Eu entendi, mas vale o risco? O estresse? A energia tem que ser focadas em outras coisas importantes. E olha que tudo isso por causa de um cabelo colorido que nem é tão grave! hahaha!

— Pra você ver... Risco de que? É só um cabelo!

— Sei lá, de perder trabalhos, de ser vista de outra forma. A gente ainda vive na formalidade.

— Mas é exatamente isso! Eu não quero viver com gente bitolada. Apenas.

— Mas gente bitolada paga bem.

— No meio que eu pretendo viver, não precisa ser "normal". Não quero ser jornalista, sentar na bancada. Não quero que vejam se meu cabelo tem um fio solto, se meu dente tá sujo de batom ou se eu gaguejei na hora de falar. Quero que vejam meu trabalho, o que eu faço. As pessoas quando conseguem se libertar, mostrar o que são, liberam também o lado criativo dentro elas. Não sentem medo de tentar, de ousar, de serem podadas pelo mundo. Não é só um cabelo que vai fazer isso. Começo a agir diferente e não agindo de acordo com o que o povo acha que eu tenho que fazer.

— É que eu fico preocupado com você. De ter que passar por isso "sem necessidade", entende? É duro não ser compreendido.

— Eu sei, eu sei de tudo! Só quero me livrar de TER QUE tudo.

— Por que a maioria das pessoas são como cavalos, usam aquele negócio para não enxergar ao redor.

— Pois eu quero seguir em todas as direções e, por isso, não passarei pelo caminho delas.

— Risos, xingamentos, agressões. Eu não tenho estrutura pra isso, ainda mais se eu posso escolher em ser "normal".

— Não quero esperar a oportunidade perfeita para finalmente abrir minha cabeça... Que me chamem de doida, drogada, ou que se surpreendam negativamente ou positivamente. Tentam me podar de todas as maneiras, meu jeito, minhas ideias, o que devo ou não fazer, e eu estava deixando fazerem isso.

— Esse é um dos motivos de eu não entender essa sede de ser diferente. Se vai causar tanto sofrimento e não vai mudar a cabeça das pessoas. Se fosse um artista famoso, poderoso, rico... Mas a pessoa é "normal", convive com gente real e não pode fugir disso quando quiser. É uma dinâmica que não entra na minha cabeça. Prefiro me adequar e não sofrer, do que tentar ser diferente e viver mal.

— Não posso me privar de ser eu mesma, deixando a sociedade colocar aquele tal negócio de cavalo em meus olhos. Existem tantas outras coisas para se fazer, pra se aprender, pra se ver... Simplesmente não posso.
Não sei de quem é a ilustração, se alguém souber, favor, avisar!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Valorização desfavorável

Dia desses estava lendo um site que eu simplesmente amo por me dar inspiração, base, tirar minhas dúvidas e ainda iluminar minhas ideias. O Fotografe uma Ideia!, FUI! para os íntimos, trata de todo o universo do fotógrafo, mostra de maneira simples como dar os primeiros passos, truques, acessórios, como também dicas do que levar para uma sessão - além do equipamento, lógico - edição e tratamento de imagem. Mas foi um post em específico que despertou minha vontade de escrever. Este!

O título é "10 maneiras de irritar um fotógrafo" e, de todos os itens citados no texto, creio que dez acontecem comigo. Sim, vocês fizeram a conta certa. E isso é muito triste e desgastante pois, de acordo com  minha apuração, não é só a desvalorização do trabalho do fotógrafo que é evidente, mas a descrença de que foi a profissão escolhida por mim e que sim, é trabalhosa - mesmo com a grande maioria desacreditando -, e muito, mas muito prazerosa.

Caso tenha escolhido uma profissão que te coloque atrás de uma mesa de escritório e que te impossibilite de ver a luz do dia, não me julgue por preferir não viver assim. Melhor rever o que está acontecendo de errado com sua vida. Se não tem amor pelo que faz, não me critique por amar minha escolha. Como já disse em posts anteriores, prefiro fazer meu horário e ver a luz que me agrada, se a do dia, ou a que a lua reflete do sol.

Outra coisa que constatei nesses dois anos que tenho estudado, trabalhado, me dedicado e investido -financeiramente, mentalmente e fisicamente - é que, pelo fato de eu ter um trabalho fixo de segunda à sexta-feira, de 9h da manhã às 18h, encaram a fotografia, para mim, como um hobby e não como uma renda extra que me dá prazer em fazer. Só não podemos esquecer que, por causa dos itens citados acima, infelizmente ainda não posso me dar ao luxo de me jogar de cabeça nesse universo. E, aproveitando minha formação em jornalismo, posso atuar em uma área onde garanto aquilo que todos precisamos, o dinheiro.

Falando em dinheiro, por favor, trocar trabalho por visibilidade? Visibilidade não paga as contas. Depois de um tempo fazendo coisas na amizade, no amor e na necessidade de treinamento e exposição, você percebe que essa fase passa, que realmente está pronto para encarar o mercado. Alguns acham que quando você começa a cobrar por aquilo é ganancioso. Ganância? Sério? Todos nesse mundo, fazendo o que curtem ou não, recebem um salário por isso. Juro que é verdade!

Uma coisa é participar de um evento, um projeto ou um ensaio onde todos estão colaborando com o que tem. Uns a ideia, outros a mão de obra e outros o equipamento. Sim, isso, em alguns casos, vale a pena. Participar de uma experiência em conjunto onde todos irão colaborar, pode ser válido até mesmo para quem já trabalha há anos. São conhecimentos diferentes em diversas áreas que podem agregar-se entre si. Injusto é quando, enquanto um ganha através do seu trabalho e você continua recebendo somente a tal visibilidade.

Me sinto naquela fase de que já não sou amadora, por ter experiência e já ter feito alguns trabalhos, mas não cheguei ao nível profissional que eu almejo. Acredito que o melhor profissional seja aquele que sempre se atualiza, busca novas técnicas e mesmo sem a câmera, captura com os olhos. Mesmo quando souber todas as coisas do mundo, não pretendo ficar estática e me tornar mais uma apertadora de botão, já temos muitos no mercado.


- Voltando ao post do FUI!, gostaria de acrescentar mais um item: "Grazi, você vai levar sua câmera?" Gente, sério, câmera não é cachorro, não a levo para passear. :)

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Não, a Globo demoníaca não paga nada!

Só para esclarecer: A Globo não paga nada, quem paga é você que está assistindo, dando ibope. A partir dos números, o anunciante vê clientes em potencial e coloca um comercial bem bacana para você, caro telespectador, assistir no intervalo do seu programa predileto. Quem é o alienado agora?

Ah, tem mais! Sabe aqueles posts de ódio à novela Salve Jorge? Os lindos dos seus artistas Gospel estão ligadinhos contabilizando números de vizualizações e compartilhamentos. Sabe o que eles fazem? Colocam do lado direito do seu Facebook um anúncio de um produto religioso. Não é o máximo?!

Vocês querem mais? O mundo fala tanto de futilidade quando o assunto é entretenimento na TV, mas um dos site mais visto pelos internautas brasileiros é o Ego. Sim, ele! O que nos mostra todas as bundas que amamos, todos as idas ao restaurante e academias. Parabéns se você faz parte desse grupinho que entra lá para criticar, mal sabendo que o que conta é o seu clique.

Gente linda, as emissoras e as portais lucram  também com seu ódio. Caso não queira bancar a sobrevivência deles desligue sua televisão, não acesse os sites e não compartilhe imbecilidades nas redes. Simples, não?

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Vovó moderna, garota antiquada

O valor de algumas coisas é imensurável. Sentimentos, momentos. É incrível quando conseguimos guardar com precisão na nossa memória os detalhes, o cheiro, a sensação. Porém, percebo que o aproveitamento da vida fora das redes tem diminuído com o passar das décadas e, por isso, me dou o direito de pensar que a maioria de nós não será vovôs e vovós cheios de histórias para contar, mas aqueles velhos rabugentos reclamando do que acontece, deixou de acontecer ou ainda nem aconteceu!

Um pouco da culpa podemos colocar na internet, na verdade, no nosso comportamento online. Já perceberam que as pessoas mais divertidas, que seguimos e curtimos, são as mais mal humoradas? E é triste saber que grande parte dos que acompanham esse tipo de humor leve esse comportamento para a vida real.

Quando a internet surgiu - para nós, meros mortais - tudo era uma grande novidade. Xingávamos como anônimo pela emoção de não sermos descobertos. O importante não eram as frases, pois não precisávamos de camuflagens para algo que falaríamos com as pessoas ao vivo, se necessário. Até por que só ofendíamos mesmo nossos inimigos, mas hoje esse artifício também está servindo para humilhar os próprios amigos.

Fico pensando seriamente nos assuntos que serão contados para os nossos netos. Seriam as declarações de ódio gratuitas, a descoberta do significado da palavra recalque e as interpretações de textos mal feitas que nos levaram a pessoas que não gostaríamos que existissem? Belas historinhas essas, não? Além dos memes e virais que tem durado menos de 24h e surgido em uma média de 5 vezes por semana. Haja memória para lembrar de todos, mas o Google está aí para isso.

Sim, eu dependo do computador. Trabalho nele, estudo com ele e compartilho ideias através dele. Passo em média 10h sentada em frente de um todos os dias. Por isso torço pela chegada do fim de semana. Não para descansar, mas para me libertar. Não quero um mediador sempre. Também não preciso de lições de moral com imagens bonitas, pois meu caráter está mais que definido e as paisagens... prefiro vê-las ao vivo, obrigada.

Em vez de fingir viver, prefiro só viver. Dá menos trabalho. Não quero só compartilhar coisas que vi através de uma tela luminosa, quero, eu mesma, estar presente nos acontecimentos, passar perrengue, comer fora, ver o tempo mudar, passar, virar. Quero ter minhas próprias histórias pra contar.

por André Dahmer

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Espelhos

Inconsciente do mal que fazem ao próximo, não se permitem conscientizar nem um pouco de como estão interferindo na vida das pessoas a sua volta, mesmo que estas nem conhecidas sejam. Como uma parede de tijolos espessos revestidos de cimento da "verdade" abusam de um poder de achar que tem em si de dividir com qualquer um a sua má vontade e opinião desnecessária.

São tão enfáticos quando estão praticando atos de desdém que, sinceramente, creio que se torna uma necessidade de vida (tentar) pisar para ficar mais acima. Isso não te faz melhor, isso não te faz crescer, isso não te faz superior. Fazem com tanta veemência que, por todas as vezes, parece ser proposital. A interna do seu próprio egos é tão intensa que reflete em qualquer coisa que esteja a sua volta. Cuidado com os espelhos, pois podem refletir todo esse asco provindo do seu mais íntimo, a base da podridão.

Quando carapuças começarem a cair sobre vossas cabeças, reflitam se fazem pequenas boas ações diariamente, se pensam no conteúdo ou ações proporcionam ao próximo. São relevantes? Ajudam? Caso se importem com o bem-estar de qualquer ser que seja, seria interessante que, no mínimo, pensassem antes de agir como se fossem os únicos donos do espaço que ocupam ou da verdade que saem de suas bocas cheias de preconceito.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Incompreendidos

Ideias nascem do subconsciente dos artistas e, parte das vezes, são tão complexamente simples que chegam a ser incompreendidas e mal interpretadas por comuns. Mesmo assim, com a ajuda da reprodutibilidade o conteúdo é disseminado por todos os cantos do globo e, por isso, surgem inúmeros comentários - significativos ou imbecis - sobre tais pensamentos, imagens ou textos.

A vivência e o intelecto tem muito a ver com a sensatez na hora julgar uma novidade sem prévia explicação. Por vezes, a introdução se faz necessária para que possamos obter alguma opinião coerente, mas o que mais fazemos é tirar conclusões precipitadas. Pode ser que seja culpa dessa veloz modernidade que não nos permite aprofundamento. A superficialidade passa sobre nossos olhos, mas a informação não chega ao cérebro, só é rebatida pela boca.

Se objetos geram inúmeras interpretações - erradas ou não -, imagine uma pessoa que é mutável a cada nascer do sol. Que evolui e muda de opinião com o passar dos anos. Por isso penso que se fazer entender não deveria estar na nossa lista de prioridades. Cada um tem, infelizmente, o direito de achar de acordo com o que imagina ser. Palpites surgem como dominós em sequência que desencadeiam uma série de opiniões. Um burburinho ensurdecedor.

Um tema, tantas explicações e teorias, tão múltiplo. Fingir entender o incompreensível não basta. Busque, mas não a lógica, e sim, o sentimento nas coisas. Admiro mesmo quem tem o poder da persuasão embutido em suas qualidades. Que realmente consegue dizer com palavras simples e vocabulário não muito rebuscado aquela grande novidade, viralizando sua opinião e fazendo com que uma grande maioria (dita burra) acredite e compartilhe daquilo como verdade absoluta.

Deveríamos parar de nos preocupar em sermos compreendidos o tempo inteiro. Se não temos a persuasão nos favorecendo, que o mundo nos aceite da maneira como quiser. Fiquemos felizes pelo nosso ponto de vista único, mesmo sem sentido para alguns, mas com base sólida. Não podemos obrigar o mundo a concordar com nossos pontos de vista, afinal cada um tem uma razão diferente para o que é ser. Nem ficarmos nos martirizando por enxergarmos aquilo que a maioria não vê, isso é um dom. Agradeça.

por Angeli

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Estou quase certa de que a errada no mundo sou eu

Sou meio utópica em relação à sociedade. As pessoas deveriam se comportar bem diante de novas formas   que surgem por conta das transformações do mundo, mas infelizmente não é por esse caminho que as coisas acontecem. Os direitos conquistados por minorias deveriam ser aceitas sem revolta, já que todos os seres, pelo justo, tem a possibilidade de fazer, sentir, gostar e de conviver pacificamente.

Sou a favor da igualdade. Repetindo: Igualdade! Não é por fatores que ocorreram no passado, como a disseminação de povos por causa da raça ou do credo, que hoje se pode-se se sobrepor àqueles que os maltrataram. Os tempos são outros, meu caro. Viver de passado e garantir a sua sobrevivência através dele, não vai te fazer crescer e igualar, mas se diferenciar e depreciar. Seja a favor da união, e não da segregação, pois é isso que fazes pensando assim.

Sou contra a intolerância religiosa. Quando perguntada sobre minha religião, respondo que sou espírita. Sim, por que se eu falar que sou adepta do umbandismo, milhares de pessoas usam argumentos a fim de me converter. Mas fiquem tranquilos, não perco meu tempo fazendo macumba pra ninguém. Fala-se tanto de paz mundial, de amor ao próximo, de união, mas não vejo nada disso. É uma imposição da melhor atitude e do que temos que acreditar para ser aceito por Deus e perde-se o foco. Se Deus é amor, sejamos cúmplices dEle.

Sou a favor do amor. Não importa o sexo, se gosta de pessoas com o mesmo que você, diferentes, ou se gosta de objetos ou árvores. A sociedade se acha no direito de impor com quem (ou o que) podemos nos relacionar como se isso influenciasse diretamente na vida dos que não são a favor ao amor livre. Ser heterossexual não é um privilégio, é só sua orientação sexual, até por que não escolhemos quem iremos amar.

Sou a favor do feminismo. Mesmo adorando receber flores, bombons, café na cama, só não vou falar abrir a porta do carro, pela falta de um. A grande meta é a igualdade de direitos e o fim da opressão que as mulheres sofrem de todos os jeitos, mesmo com tantas conquistas. O feminismo envolve também a liberdade de escolha da mulher, como por exemplo, usar o corpo da maneira que deseja, sem o Estado, o sexo masculino ou a própria sociedade interfira nas suas escolhas. A dona de sua morada é ela própria.

Estou quase certa de que a errada no mundo sou eu por pensar que essa igualdade, liberdade e fraternidade possa existir algum dia. Deve ser só mais um lema bonito e utópico para nossa coleção de Caios e Clarices. O avanço é um retrocesso? Querer um mundo que não beneficie ninguém, muito menos que prejudique uma pessoa pela sua "condição" me parece bom.

por Quino

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Alteração(zinha)

Os advogados falam uma língua que ninguém entende e uma significativa parcela da sociedade os idolatra, pois estão sempre bem arrumados e falando coisas indecifráveis por pobres mortais. Isso só pode ser sinônimo de coisa boa, ? Também podemos citar os médicos, que além de falarem difícil, também escrevem difícil. Meus parabéns eternos para os farmacêuticos, os únicos capazes de decifrar tais "hieróglifos"

Admiro muito a coesão desse povo. "Inventaram" dialetos para se comunicarem, o que permite que leigos não interfiram em suas funções. Além disso, brigam entre si, desacatam, falam injúrias, porém se qualquer um, que não faça parte deste seleto grupinho, falar mal, formam um escudo indestrutível com o apoio da lei, logicamente. Isso é realmente bacana e não estou sendo irônica, no momento.

Já as classes das quais faço parte não são nada parceiras. Cada integrante se sente no direito de melhorar a obra do coleguinha, apontando falhas - por vezes não, elas não existem - mesmo quando não são capacitados para tal. Dão aquela ajeitadinha no que demoramos horas, dias, anos para concluir, a fim de dar aquele toque especial que descaracteriza todo o trabalho.

No caso, não estamos falando de apontar o dedo, falar mal ou criticar, mas de colocar a mão na massa sem autorização prévia. Por inúmeras vezes vemos nossos trabalhos publicados com aquelas alteraçõezinhas cheias de erros nítidos até para o mais desatento. E, por acaso, é o nosso nome que está assinado junto com o estrago que fizeram.

Receber críticas é maravilhoso, sempre recebo. Faço ajustes nos meus trabalhos por conta de algumas delas, pois são pontos agregadores ao material que já possuo. As destrutivas, certamente, são ignoradas. O completo absurdo é pegar um material pronto - seja texto ou fotografia - alterar e publicar sem, ao menos, avisar ao autor. Lembrando que revisar é diferente de alterar, por isso existem duas palavras, uma para cada coisa.

O estrago acontece quando o material entregue com tanto cuidado, que recebeu aquela ajeitadinha especial, é disseminado por toda internet e não tem mais volta. Aquele texto é seu, mas não é bem assim. Aquela fotografia é sua, mas aquele recorte não foi o escolhido por você. É o seu nome, mas não é o seu estilo, suas palavras, sua imagem, você impresso ali.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Linda

Não sou do tipo que funciona muito bem na parte da manhã. O acordar é quase um sacrifício diário. Só consigo abrir um olho por vez e o primeiro "bom dia" só acontece depois de 15 minutos após a claridade me permitir abrir os dois ao mesmo tempo. Tudo se agrava quando é uma segunda-feira qualquer.

O processo se repete todos os dias e hoje não foi diferente. O mesmo pesar no ato de ter que sair da cama. Os olhos fecho e cochilo aqueles três minutinhos sagrados. E nesse tempinho sonhei como se a história tivesse durado a noite inteira.

Não costumo sonhar. Tenho pesadelos praticamente todos os dias e não, não pretendo saber o significado deles. Então, quando aparece algo bom em meu subconsciente - ou, para os que acreditam, quando meu espírito vai dar um passeio gostoso por outros lugares -, faço questão de registrar e ficar repetindo as imagens na minha cabeça durante dias e tento não esquecer.

Em mais uma segunda de manhã, esperando ter um super pesadelo surreal para compartilhar com a primeira pessoa que encontrar, tive uma surpresa. Durante aqueles três minutos viajei pelo meu mais profundo sentimento e senti. Não foi saudade, não foi inconformismo, foi como se em uma redoma de carinho eu fosse envolvida.

Abri os olhos bem lentamente querendo não parar de sentir, mas aquela sensação só terei, talvez, em outra vida ou em meus tão raros sonhos. Aquele abraço tão intenso que me fez sentir protegida, me mostrou que tenho quem olhe por mim e que acordar todos os dias não deveria ser tão sacrificante.

Você se chama Linda, por que é linda, tia. Sempre.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Sorte

Mesmo tendo toda a liberdade criativa dada em minhas mãos, foi difícil conseguir expor o que realmente sentia. Diante das comparações que fazia em minha cabeça em relação a capacidade alheia, me via perdida em um oceano de mesmice e falta de algo que representasse a essência daquilo tudo que, na verdade, para qualquer ser comum, não era nada.

Transformar o simples no esplêndido. Dividir com o resto do mundo o que somente um vê. O que só eu enxergo. O mínimo de forma maximizada. O que era nada, era tudo o que eu tinha para mostrar.

Para a construção do objeto, antes foi necessário um processo de desconstrução. Por incrível que pareça, o caminho inverso é o mais difícil de ser feito. Faz-se tudo certo, só que ao contrário. Tente.

Enquanto desconstruía meu objeto e o estudava em diversos ângulos, menos o entendia e mais clareava a ideia do que aquilo poderia se transformar. Pecinha por pecinha se desencaixando e sendo reposicionada de maneira incrível.

O objeto da minha fixação? O desabrochar de um trevo de quatro folhas. Nada tão significativo pra mim nesse momento que muita sorte.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Sobrevivência social

O permitido e o obrigatório estão na lista das primeiras coisas que precisamos aprender para conseguir sobreviver. Ideias e ideais até se divergem de acordo com a região, mas nada muito distante do que se tem como padrão. As regras da sociedade, em geral, são essenciais, mesmo que certas pessoas não tenham a menor pretensão de obedecer. Por esse motivo criam as próprias normas, uma comunidade dentro de um complexo de integração ainda maior.

Começo a achar que faço parte dessa minoria que prefere fazer as coisas de outro jeito. E são várias dessas obrigações e permissões que me incomodam um pouco. Não curto horário comercial, por exemplo, e levo em conta que pesquisas mostram que trabalhadores de escritório pedem pouco mais de 2h com distrações e interrupções. Se parar para pensar também, coisas que são rotina na vida de qualquer ser humano como ir ao médico, dentista e até ao banco fica complicado quando estes também funcionam de 9h às 18h (tá, os bancos de 10h às 16h, o que dá no mesmo).

E não tem como esquecer a academia, o curso, a pós, os trabalhos... Parece que de segunda a sexta somos programados para fazer tarefas sem ter a possibilidade de desviar o caminho, pois 1 segundo a mais escovando os dentes significam 10 minutos de atraso em um outro compromisso. Prende a respiração e vai!

Ter horário para tudo também é um problema. Sou do tipo 5 minutos. Ou chego 5 minutos antes ou atrasada. Mas isso tem relação direta com a rotina, por que quando é algo esporádico, tenho costume de chegar no horário combinado, bem certinho. Me auto-saboto para fingir que a vida não é tão regrada como parece, mas não funciona muito.

Acho que esse é um dos motivos pelos quais escolhi minhas profissões. O jornalista e o fotógrafo quase não tem horário e, muito menos dia. Sábados, domingos e feriados estamos na atividade e segundas são as nossas favoritas. Acordar 4h da manhã para sessão de fotos do outro lado da cidade e com chuva? Claro! Faço sem pestanejar e com um sorriso enorme no rosto.E depois chegar em casa e tratar aquelas milhares de fotografias durante a madrugada é um prazer.

Não que eu não tenha nascido pra ter regras. A rotina, infelizmente, é necessária para a sobrevivência social. Porém, não gosto de me enxergar como um robô programado para realizar atividades diárias sem poder  desviar nem o olhar para apreciar uma paisagem interessante, tomar um sorvete ou respirar fundo e esquecer de tudo por 3 segundo.

por Orlandeli

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Fiorino 97

Tenho escutado - e lido - muitos discursos motivacionais não intencionais, porém bastante interessantes. Cada um tenta me fazer enxergar de ângulos diferentes o que não consigo ver até pouco tempo. Tudo me parece alcançável por instantes, mas bastam segundos para que minha imaginação e consciência façam um caminho cheio de dificuldades e obstáculos surgir.

Este não é para ser mais um desses textos de auto-ajuda chatos e utópicos, mas queria compartilhar uma história bem comum, talvez a mais comum de todas, sobre um cara, um sonho e uma ideia. Não, não pare de ler para me dizer que todas as histórias começam desse jeito, sei que sim.


Já estava em pé, já tinha me despedido e me encontrava na porta quando surgiu um assunto que está me consumindo até agora. O discurso foi simples, a ideia ainda mais, mas o significado daquilo era o que eu precisava no momento.

O sonho dele era abrir um buffet, mas não tinha dinheiro para investir em copos, bandejas, fritadeiras, forninhos, em pessoal e transporte ao mesmo tempo. Sim, o básico para começar. Não tive a informação se ficou pensando por muito tempo sobre como iria fazer o negócio funcionar, só que ele teve uma sacada genial.

Aos que se atreveram a pensar qual foi a ideia... Não, ele não investiu em propaganda. Pegou tudo o que tinha, comprou uma Fiorino 97* e um adesivo bem bonito com a sua logo para colar no veículo. Essa ação tão limitada poderia ser um tiro no pé. Afinal, como começar um negócio - que não é, no caso, uma transportadora - só com um carro adesivado?

Era o primeiro cliente que iria fazer o negócio funcionar. A maior parte do dinheiro era para o aluguel de material e a parcela mínima que sobrava, para a compra de itens de extrema sobrevivência para o de um buffet.


Me vi ali. Começando do zero. Ouvindo - e pensando - que o investimento poderia não dar certo. Ou talvez poderia. Tantas dúvidas. Como ele, não tenho como investir em equipamento pesado, em ferramentas, em acessórios e em equipe de uma só vez. Sou só eu e os meus itens essenciais.

Por incrível que pareça, o único concretismo nessa história que tento escrever todos os dias é a força de vontade. Vontade de crescer, vontade de ser. Quem não tem vontade? Mais abstrato que isso impossível. Como mensurar aquilo que não se tem forma? Como demonstrar aquilo que só existe internamente?

Dizem por aí que nossas palavras e pensamentos tem o poder de transformar o abstrato em realidade. Ele acreditou e hoje tem um buffet só dele, uma equipe, todo o aparato e, creio eu, um carro bem mais moderno.

Ainda estou no processo de trabalhar muito e ganhar pouco. Muita experiência e também ganho a famosa visibilidade que não paga as contas, mas tudo bem. E ainda tenho ajuda de amigos e cada um colabora como pode. Uns posam, outros apoiam, outros consultam e não importa a distância que estejam, unem suas forçar para que o mecanismo funcione, ainda que não perfeitamente. Imagine a minha vontade multiplicada? Não tem como não funcionar.


*O ano do carro foi invenção. Gosto de 97. Acho sonoro.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

“De repente 30”

A TV, os jornais e as revistas afirmam: a expectativa dos jovens de hoje é alcançar o sucesso profissional aos 30 anos. Atualmente com 24, acredito não estar muito perto disso, nem no caminho certo para tal feito.Amigos da mesma faixa etária, com essa mesma crença (que eu, inclusive), já se graduaram, fazem cursos, pós e mestrados e grande parte continua desempregada ou trocando qualquer trabalho por dinheiro.

Ninguém está convicto que o jogo não possa virar em menos de 10 anos, que uma oportunidade incrível possa surgir e a grande solução dos problemas financeiros, e de carreira,apareça como um passe de mágica. Porém, pensemos nas probabilidades...

Acredito que toda essa rapidez e instantaneidade da atualidade possa ser um dos motivos da expectativa do sucesso absoluto ter regredido 20 anos – antes era de 50! -e com os meios de comunicação acessíveis, dando voz ativa aos anônimos, abriu-se uma porta gratuita e uma entrada mais rápida para o sucesso.

Meu grande medo é que nós, jovens de vinte e poucos, que não nascemos com as facilidades que a vida moderna oferece e que tentamos tirar o proveito máximo, pois estamos sendo esmagados pelo avanço da tecnologia em velocidade nunca antes vista, viremos adultos - de 30 - frustrados.

Se pararmos para pensar friamente, não temos todo o tempo do mundo. Alguns poucos anos nos separam da nossa meta e, se já não é animador agora, quando os esperançosos 30 chegarem e nenhuma revolução acontecer, alguns de nós criarão as próprias metas, outros afundarão em desgostoeacredito que ninguém queria estar incluído em nenhuma das duas opções.

Não desisti. Afinal, ainda faltam seis anos para a grande linha de chegada, como também alguns amigos trilharam um caminho menor e já chegaram ao sucesso. A admiração que sinto faz com que se tornem modelos. Acredito que eles ainda não estejam satisfeitos por inteiro, mas certamente, estão mais próximos de alcançar a expectativa.

por Liniers

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Pretendo

Um dia pretendo me orgulhar em falar que peguei muito trem para estar onde eu estou hoje. Que conhecia os principais vendedores de determinados horários e que, mesmo conhecendo seus discursos, ria como se fosse a primeira vez.

Pretendo não me envergonhar de ser chamada de suburbana, de ter o cabelo bagunçado pelo vento forte que invadia o transporte ou pelas unhas descascadas por não tem tempo de fazer uma visita semanal à manicure.

Pretendo esquecer os números das linhas de ônibus e me orgulhar, em algum momento, de recordar qual é o destino. Também me lembrar de quando corria atrás deles e da sensação de ser estressante e engraçado ao mesmo tempo.

Pretendo sentir saudade da conversa com os vizinhos na calçada, de ouvir a música como um chamariz para seu aniversário. E que posso gritar pelo seu nome pelo muro a qualquer hora do dia quando precisar de ajuda.

Pretendo lembrar o meu desespero por não conseguir trabalhar por amor, mas que isso foi uma das causas que me fez fortalecida e preparada para chegar a um nível maravilhoso. E ainda colocar minhas gambiarras como troféu expostos em uma sala especial como lembrança de que, foi através delas, pude estar onde estou.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Moldes de conveniência

Me fascina nas crianças é não terem medo de ultrapassar limites. Tenho observado bastante o comportamento delas diante das dificuldades, das certezas, dos perigos e me deslumbrado cada reação.

Não importa qual o objeto de observação e a serventia dele. Tudo é desafiado, desmontado, equilibrado para atender a curiosidade dos pequenos de saber quais as possibilidades - além das que já existem - que aquilo poderá lhes oferecer.

No meio do processo, surge a interferência dos pais e tios - avós, não - para mostrar a maneira "correta" de se fazer as coisas. As asas começam a serem cortadas e as vontades interrompidas. Será que é nesse momento que a nossa criatividade começa a ser podada?

Começamos a nos influenciar nas opções que temos, nas escolhas que fazemos, pois temos uma referência, mesmo que distorcida, do que se deve fazer. Tudo passa a ser um tabu: quais cores podemos usar, que formas são apropriadas de se exibir, as palavras que não podem ser ditas.

Criamos um universo proibido e inapropriado. Quando adolescentes passamos a refletir, a discutir e desafiar o por quê disso tudo. Já adultos, estamos prontos e condicionados a pensar como uma maioria vazia e cheia de regras pré definidas.

A partir daí, a vida nos mostra que estamos prontos para trilhar o caminho inverso. Vimos exemplos de todas as formas, lemos alguns manuais, observamos comportamentos e passamos a reestruturar nossas ideias. Temos que forçar nossa memória, vontade e lembranças para que possamos desenvolver algo que realmente mude nossas mentes tão acinzentadas, mesmo tendo passado tempo demais.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Registros

Todos com os tripés armados e câmeras apontadas para o Morro Dois Irmãos. Era final da tarde, o sol já estava se pondo e um vento forte, gelado, fazia o equipamento tremer tanto quanto nós mesmos. Tenho por mim que a escolha do horário foi intencional, para termos aquele gostinho de uma saída fotográfica vários contras.

O Arpoador é lindo, realmente. Ainda mais para mim, que mesmo sendo carioca e já tendo andando por grande parte do Rio, nunca tinha parado para observar mais atentamente. Só o conhecia de dentro da janela de algum transporte e sempre com muita pressa.

Como em todas as praias, esta também é bem democrática. Enquanto alguns bebiam champagne com direito à taça e balde de gelo, outros vendiam bugigangas em cima de tapetes coloridos estendidos na calçada. Turistas, moradores, ambulantes. Todos.

Assim que sacamos as máquinas fotográficas de nossas bolsas, passamos a ser personagens secundários naquele cenário - Até porque não dá para competir irmamente com o Dois Irmãos - Trocadilhos, à parte, como éramos numerosos e com equipamentos nada discretos, começamos a despertar a curiosidade dos demais, sem distinção.

Foi curioso ver que, estimulados por nós, bastou apenas um tirar o celular ou a compacta do bolso para que todos repetissem a ação. Parecia cena de final filme onde o elenco principal chama os figurantes para fazerem aquela dancinha ridícula, só que bem mais interessante e emocionante, já que cada um fez o registro daquele momento com sua visão particular e única.

Um congestionamento de flashs, cliques, poses e sorrisos. Eramos o plano de fundo e os personagens principais. Os maestros daquele momento tão singular.

sábado, 18 de agosto de 2012

Iniciar. Desligar. Fim.

Criamos mundos perfeitos. É ótimo ter essa capacidade. Nem que seja somente na nossa imaginação, eles existem. Até que uma alma caridosa criou a internet e, enfim, estamos todos aqui reunidos; reinventando, de uma forma um pouquinho mais palpável, nossas maravilhas.

Reunimos, nas mais diversas plataformas, nossas conquistas, sonhos e futuras - e concretas - realizações. Como também coisas que nunca teremos, que nunca seremos, que nunca criamos e que nunca tínhamos pensado anteriormente. No lindo mundo do imaginário humano apoiado pela nossa querida internet, personalidades são criadas e sustentadas por máscaras de perfeição.

Não que isso seja sinônimo de falsidade, longe disso! Quem não quer viver em um mundo onde se pode manipular, coordenar, mexer em todas as peças em benefício próprio sem que altere a vida de outros propriamente? Cada universo criado é alterado a gosto de freguês e é compartilhado onde e quando este julgar mais adequado.

A grande sacada é descobrir se, quando o off é apertado e o on da Real Life é acionado, estes mesmos criativos, instruídos e opinativos se mantém da mesma maneira, ou se essa máscara da realidade imaginada cai, tornando-se comuns seres que estudam, que trabalham e que, por vezes, não tem nem uma vida social decente a ser mostrada.

No conforto da cadeira do computador, tudo. Fora dela, a personalidade forte e a auto-estima se  dissipam em um clique. Aqueles grandes amigos desaparecem quando a luz se apaga. Longas conversas na madrugada se transformam-se em "ois" tímidos frutos de acasos.

O preocupante é quando uma vida inteira depende de luz, tela, bateria. Se resume a compartilhamentos, até interessantes, mas que não se tem arquivados no cérebro para serem usados em lugares reais com pessoas reais. Uma vida solitária rodeada de seguidores. Uma vida concreta cercada de ninguém.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Choro de alegria

Um nó na garganta. Uma palpitação no peito. Um sorriso largo e despretensioso. E quase que imperceptível, aquela lágrima, que não se fez questão nenhuma de segurar, já percorreu por todo o rosto. Sem sentir nenhum incômodo daquele toque suave passando bem devagarzinho sobre a pele, sem nenhuma vergonha de expressar o sentimento profundo. Está entregue.

Mesmo com todos os contras, uma beleza intensa aflora. Como se o brilho que surge quando a luz reflete na lágrima viesse de uma camada escondida. Não há medo se ser julgado pela consequência ou pela causa. Nariz vermelho, olhos inchados, rosto molhado. Uma ligação, uma surpresa, um acontecimento. Não importa.

Depois do ápice, a queda. O sorriso se mantém, mas o coração acalmou e o nó se foi. Os dedos adormecem de tanto enxugar os vestígios das lágrimas. Falta o ar. Hora de respirar fundo, agradecer e esperar para que aquele momento se repita o mais breve possível. Já passou.


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Tempos modernos

O mundo está tão moderno, tão avançado, tão tecnológico, mas em um processo de regressão. Só irei pontuar um deles, pois é um fato que incomoda a mim e a tantos outros jovens que buscam seu lugarzinho ao sol. E o que não falta é sombra, meu caro.

Voltando um pouquinho no tempo, para um outro século não muito distante, eis que acontece a tal revolução que fez com que as fábricas entrassem em um ritmo frenético de produção. Como Chaplin mostra no filme Tempos Modernos, cada trabalhador exercia uma única função, o que acelerava o processo de fabricação e, por outro lado, alienava e restringia os funcionários fabris.

Anos e mais anos se passaram. A educação ficou mais acessível, logo a profissionalização e a capacitação para cargos mais complexos chegaram à grande maioria. Assim, clareiras se abriam e o sol surgia na cabeça de mais alguns "sortudos".

A concorrência começou a ficar mais forte. São muitos iguais e, alguns desses, com certas vantagens. Especializações, cursos, cursos, cursos, pós, mestrados, doutorados... Quanto mais diferenciados, mais iguais ficamos. Quanto mais conhecimento, mais a lista de tarefas a serem desenvolvidas cresce nas entrelinhas das vagas disponíveis no mercado.

Hoje, ao contrário da Revolução Industrial, empresas querem funcionários tão multiuso que, caso consigam exercer todas as funções que foram designadas, o trabalho só iria terminar, quiçá, em um mês. Buscam por pessoas inexistentes, pois os múltiplos talentos quase não encaixam entre si.

Não que as empresas sejam o lado negro, já que também tem seus problemas administrativos e financeiros. O governo, como também os trabalhadores, são culpados por esse sufocamento trabalhístico, mas isso é assunto para outro post.

Partindo do princípio de quem vos escreve, sinto que tenho a liberdade de compartilhar um pouco de onde me encaixo nisso tudo. Me formei em jornalismo, senti  faltava algo que me completasse e parti para a fotografia; e na necessidade aprofundar em tratamento de imagem, mergulhei no design. Todo esse caminho foi escolhido por conta própria, o que me satisfazia e me preenchia em determinados momentos.

Quando resolvo olhar os cargos aproximados dos meus estudos que estão disponíveis percebo que, além do que já faço, ainda tenho que saber malabares, colocar a cabeça na boca do leão e jogar amendoim para cima e pegar com a boca, metaforicamente, claro.

Jornalistas, hoje, precisam ser programadores, diagramadores, designers, além de exercerem todas as funções de repórter, cinegrafista e fotógrafo ao mesmo tempo. Perde-se na qualidade. Perde-se tempo. Perde-se trabalho.

Somos sempre ensinados a focar, ter objetivo e expectativas, mas isto custa caro financeiramente e intelectualmente. A frustração de não conseguir se encaixar por falta de conteúdo, sendo que você já te carga suficiente para encarar um mercado desigual e sufocador é constante. Sentida por mim e por tantos outros.

Os lugares ao sol estão se fechando novamente. As árvores sombrias ocupam o rosto da grande maioria. E fica a dúvida: De qual revolução estamos nos aproximando?

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Ciclo

Não se sabe ainda se eram 12, 14 ou 15 crianças. Nem os adultos responsáveis pela integridade delas sabiam o número exato. Só eles sei que os esconderam, fizeram sinal para o ônibus parar e intimaram que o motorista abrisse a porta traseira. Avalanche infantil!

Quatro, dos cinco adultos, pagaram a passagem. O quinto disse que não tinha 2,75 reais e também entrou pela porta de trás. Interessante que todos estavam a caminho do parque de diversões, onde o passaporte de entrada custa em torno de 12 reais.

A euforia infantil é aceitável em uma sexta-feira depois da escola. Deveriam estar ansiosas para que aquele dia fatídico chegasse e pudessem finalmente sair de uma realidade não muito agradável. Se fossem perguntadas, fariam uma descrição grandiosa para aquele parque com mais de 50 anos e de manutenção precária.

Já os adultos, mais interessados na quantidade de cerveja que iriam beber, uivavam pelas janelas toda a alegria que o álcool poderia proporcionar-los naquela noite. O casal se olhava com uma vontade que parecia estar a caminho de outro lugar. Outros, indecisos, trocavam de lugar no coletivo, como se cada acento desse sensações diferentes.

A partir deste momento, as crianças começaram a inibir-se, quase que se escondiam constrangidas atrás dos bancos traseiros do ônibus. Amontoadas, conversavam baixinho e gargalhavam alto enquanto olhavam para seus responsáveis com medo de alguma represália. Dava para ouvir o burburinho e sentir a animação. Afinal, aquele tipo de passeio não parecia ser muito comum entre eles.

Mas a falta de educação dos adultos se sobressaía à risada dos pequenos a ponto de querer saltar alguns pontos antes só para não ficar presenciando a situação. O que entristece é saber que ainda no início da vida, já tinham a consciência de que aquela algazarra desrespeitava o resto dos ocupantes. E, que com o passar dos anos, isso irá se perder, os tornando iguais àqueles que repudiavam.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Contágio

Três senhoras rindo despretensiosamente no trem chamavam a atenção de meio vagão. Não tinham vergonha de mostrarem alegria, nem de exibirem a falta de alguns dentes. Ninguém entendia nada, nem mesmo elas sabiam do que estavam rindo depois de passado algum tempo.

Aquilo realmente me chamou a atenção. Não pelo volume das gargalhadas, mas pela alegria contagiante. Todos sorriam, mas não delas, com elas. Foi uma cena inesquecível reparar o rosto de pessoas com olhos cansados e um sorriso no rosto, mesmo que todo o ambiete contrariasse o que expressavam.

Refleti durante segundos, não precisou mais tempo do que isso. Conclui que a felicidade existe, mas é tão sutil e passageira que, às vezes, nem prestamos a atenção quando acontece. E quando se faz presente, chega aos corações de quem está por perto, mesmo sem autorização, contagiando cada um.

por Liniers

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Multi única

Dois temas foram designados para aula de fotografia de amanhã: Autorretrato ou Intimidade. A única certeza que eu tive quando eles me foram apresentados: Não me conheço o suficiente pra fazer nenhum dos dois.

Toda vez que tenho que praticar qualquer exercício de introspecção, seja ele um teste vocacional, uma brincadeira no curso de inglês ou o caso citado acima, me desespero. Acredito que seja tão múltipla que se torna complicado resumir tudo em uma partícula. Cada uma delas se encaixa tão perfeitamente que para saber onde cada coisa começa e termina é um exercício de paciência.

É, eu não tenho essa paciência para tentar me descobrir completamente. Quero muito, mas desisto logo no início. Acredito que seja meu eu impedindo que eu consiga me desmontar e reestruturar novamente, já que ele (meu eu) vive fazendo isso por vontade própria todos os dias.

Por vezes, me pego tão focada nisso que acabo não enxergando o que está a minha volta ou dentro de mim, baixa a síndrome de artista junto com as crises criativas e existenciais. O resultado já se sabe, continuo sem saber.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O final

Muitas perdas, mesmo que não diretamente minhas, nos últimos meses. Todas tão repentinas. Achei que fosse demorar mais um pouco para essa sequência triste da vida se fazer evidente. É essa constância que me assusta, não o fato das pessoas partirem, mas a sequência frenética de idas.

Sinto como se fôssemos frágeis demais... E realmente somos. Como se essa crença de final feliz realmente não existisse. Como posso falar somente pelos que ficam, perder uma pessoa importante não me parece ser um caminho para essa tal felicidade. É como se nosso mundo acabasse quando o outro fecha os olhos.

O grande problema não é a morte em si, mas não ter a certeza de, se quando partimos, tudo vai acabar ou se ainda temos uma - ou inúmeras - chance(s) de retornar e reencontrar nossos queridos, mesmo eles tendo nomes, profissões, endereços e personalidades diferentes. A grande questão é deixar de viver - no sentido de explorar, conhecer, aprender. Como também de conviver, de sentir, de estar. Este, sim, é o maior medo.

As feridas de quem fica se tornam cicatrizes e elas não são bonitas de serem exibidas. Esse é o único resultado do tempo: marcas. Quem dera se ele curasse, mas só ameniza quele vazio inexplicável que se instala em nossa alma.

Mesmo com toda a certeza de que iremos morrer, não há certeza alguma de viver.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Estrada da vida

Nunca sabemos quando vai haver uma bifurcação. E, somente depois que passamos por ela, é possível e traçar exatamente quais foram as escolhas, os caminhos e onde realmente estamos. Isso seria ótimo se pudéssemos voltar e interferir no futuro, que no caso, é o presente. Quem nos dera se conseguíssemos desenrolar tudo assim, mas se acontecesse do jeitinho que nós quiséssemos não se chamaria "vida".


terça-feira, 31 de julho de 2012

Eu pedi?

Me aprofundo cada vez mais na fotografia. Leio, estudo, entendo, aprendo, faço. Geralmente as coisas acontecem nessa sequência... Já tentei ser mais artística em uma série de tentativas, mas não deu certo. Finalmente, tive quem me ensinasse como ser mais criativa e não ter medo do "erro", pois ele também pode ser belo.

Depois da prática, da edição, do tratamento, a revelação. Eis que chego em uma loja qualquer, seleciono quais irei apresentar e a doce senhorita cheia de boa vontade diz:

- Ih, essa foto tá turva. Vai querer assim, mesmo?

Tão revoltada com a intromissão da moça, somente consegui responder com:

- É assim que eu quero.

Acredito que não tenha sido grossa desnecessariamente. Afinal, ela não é obrigada a entender alguma coisa de fotografia, mesmo trabalhando em um local que as revele, mas não deve ser abusada ao ponto de opinar qualquer coisa sobre. Fui para ter a foto em mãos, não para pedir opinião.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Pense e guarde

Tenho dois defeitos: dar liberdade às pessoas de falarem o que bem entendem sem serem perguntadas e me deixar abalar por isso.

Costumo culpar minha cara - no sentido real da palavra. Por me fazer aparentar ser mais nova do que sou e por sorrir quando alguém dirige a palavra a mim. Também culpo minha voz, por não emitir sons mais graves, demonstrando firmeza, e minha estatura.

Ao analisar esses momentos de conflito, percebo que pessoas ignorantes geralmente são abusadas; não costumam usar aquele famoso "filtro" e falam sem medo de represálias. Abrindo um parênteses: na verdade, é bem possível que essas atitudes simplesmente possam ter origem na falta de educação mesmo, já que gente instruída também vomita "verdades" para todos os lados com toda sua onipotência baseada no vazio de suas certezas.

Tento me policiar todas as vezes em que recebo uma crítica de estranhos ou de alguém que não questionei. Considero que a melhor maneira de agir depois de uma busca desesperada de calma é responder com frases curtas, por vezes monossilábicas.

O interessante disso tudo é que sempre costumo pedir opinião sobre as coisas. Gosto das respostas variadas sobre determinados assuntos; as inúmeras idéias que podem existir sobre uma coisa tão pequena ou outra que pode mudar o curso da vida, do país e do planeta. Por isso, talvez eu não devesse me irritar tanto com os juízos e conceitos alheios.

Fato é que não consigo acreditar na cara de pau de opinar sem permissão, se intrometendo em coisas que não são de sua alçada, seja sobre a vida de alguém, suas escolhas ou pensamentos. E fico realmente incomodada. Uma coisa é achar e guardar para si (ou comentar com o amiguinho mais próximo para não parecer hipócrita), outra é julgar sem conhecer a pessoa, a causa ou a fonte.

Não te conheço, não te perguntei, não quero conhecer sua opinião.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ninguém

Ninguém traiu.
Ninguém fumou. Ninguém bebeu. Ninguém vomitou.
Ninguém se rabiscou. Ninguém tatuou.
Ninguém.


Ninguém se desesperou. Ninguém surtou.
Ninguém chorou. Ninguém se arrependeu.
Ninguém orou. Ninguém rezou. Ninguém macumbou.
Ninguém.

Ninguém dormiu. Ninguém babou. Ninguém sonhou.
Ninguém despiu. Ninguém sacudiu.
Ninguém transou.
Ninguém.


Ninguém bateu. Ninguém correu.
Ninguém desrespeitou. Ninguém xingou.
Ninguém iludiu. Ninguém sorriu. Ninguém curtiu.
Ninguém.

Ninguém sussurrou. Ninguém fofocou.
Ninguém apontou. Ninguém gargalhou. Ninguém julgou.
Ninguém pecou. 
Ninguém.

Ninguém é perfeiro. Ninguém.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Limitar para expandir

Somos muitos, não estamos sozinhos e somos 'obrigados' a conviver com os demais. Seria bom, de vez em quanto, não ter que viver em sociedade, já que todos fazem questão de discordar de tudo o tempo todo como se isso fosse somar alguma coisa. Muito pelo contrário, opiniões construídas erradamente e sem fundamento confundem e distorcem a realidade (ou o sonho).

Na mundo atual, o que mais vemos são esses seres cheios de opiniões. Estufam o peito e soltam como se fossem vendavais, arrastando os demais, com suas verdades absolutas e de suma importância para o crescimento da lógica. Isso tudo para se mostrarem presentes e vivos como parte fundamental na a existência de cada um.

Acredito que a divisão do mundo está bem clara. Os quatro tipos de pessoas que o preenchem são: os que realmente sabem, os que querem muito saber, os que fingem que sabem e os que acham que sabem. Mas não são os dois últimos que me preocupam, pois não cabe a eles o futuro das coisas. O que me deixa apreensiva é que, por vezes, os que sabem e os que querem saber se deixam iludir ou ludibriar pelos antes mencionados.

Desviar delas - dessas pessoas e de suas opiniões - é necessário se quiser ter algum tipo de espaço não disperdiçado de cérebro. Afinal, alguns 'especialistas' dizem que nós usamos somente 10% de sua capacidade. Você não vai querer desperdiçar memória, vai?

terça-feira, 24 de julho de 2012

Frustração infantil

Não tenho canetas coloridas. Na verdade, não lembro de um dia tê-las. Se algum dia as tive, foi para uma rápida substituição daquela azul básica presente em todo estojo.

Não que eu nunca tenha almejado aquele mundo de cores para deixar meus cadernos mais bonitos. Não que eu desdenhasse de quem exibia estojos coloridos e gordinhos. Eu bem que queria ter um daqueles, mesmo que a maioria das canetas não funcionasse.

O poder de compra mudou, hoje posso ter a quantidade de canetas de cores e qualidades que eu quiser, mas ainda não as tenho. Prefiro achar bonito aquele arco-iris embaixo do vidro das papelarias a perder o encanto que têm quando estão juntas.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

A Amizade

"Quem foi que disse que pra estar junto precisa estar perto?" Eu. Eu estou dizendo que, às vezes, é preciso sim. Grande parte das amizades não se sustenta com pequenas declarações de afeto gratuitas a qualquer momento.

Uma relação saudável de amizade é mais difícil de ser encontrada do que um relacionamento conjugal sério, já que há mais probabilidade de perda e substituição, mesmo que ambas as partes não queiram que este tipo de coisa aconteça. E isso se dá por conta do afastamento cada vez que fazemos escolhas diferentes de como se viver. É inevitável.

Podemos dizer, baseados no senso comum, que a maioria das relações são monogâmicas (oi, Mr. Catra!). Talvez, por esse motivo, acreditamos que é uma realidade controlar nosso parceiro, sabendo onde está e com quem. A amizade, por sua vez, pode ser resumida em uma série de encontros e acasos, já que a quantidade de pessoas que nos cercam é infinita e a rotina de cada um independe da nossa.

Pessoas não precisam de mediadores, o contato direto é sempre uma ótima escolha. O meio é uma forma de requentar aquilo que já foi proposto anteriormente em uma oportunidade física. A verdadeira amizade pode durar anos nesse "forninho" do amor, mas não são todas que irão se manter na temperatura adequada. Então, cuidado!

E, se por algum acaso vocês se afastarem por ciúme, raivinha ou não concordar com certas atitudes, é aceitável. O que não pode existir, em hipótese alguma, é o orgulho. Ele estraga qualquer tentativa de se manter uma amizade estável. Ligue, corra atrás e não tenha medo de tomar aquele "não posso" de vez em quando. Não deve ser mentira, você não está sendo evitado propositalmente, então não tem o que temer.

É preciso vontade. É preciso amor. É preciso presença. É preciso ser proativo. Isso sustenta a amizade!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Tentar menos, ser mais

Como boa geminiana que sou, estou numa pesquisa infinita sobre cada fato do universo. Me alimento todos os dias de informações diversas que podem, ou não, acrescentar alguma coisa em qualquer etapa da minha vida. E vivo assim, nessa constante busca do ser.

Busco tanto que, por vezes, esqueço de ser.

terça-feira, 17 de julho de 2012

20 e poucos anos de sonhos

Anos atrás. Um dia qualquer. Com pressa. Com fome. Em um fast food.

Sentada estava eu, atrás de três meninas que, no máximo, tinham seus 15 anos de idade. Falavam de meninos, de festinhas e, principalmente, de como seria quando tivessem seus 20 e poucos anos. Queria ter me encaixado em tantos sonhos.

Na verdade, dos sonhos propriamente ditos, tive a maioria deles, a realidade é que deixa a desejar. Criamos tantas expectativas de como será nossa vida perfeita que esquecemos dos obstáculos que no impedem, independente do caminho que escolhamos traçar.

Para alguns isso é um tremendo estímulo. Já, para outros, uma forma de acomodação. E é tão comum ver, nós, jovens de 20 e poucos anos, passeando entre o estímulo e a acomodação em um transe sem fim que já não é mais novidade existir as desistências.


Não que sejamos fracos, mas a busca pelos sonhos chega a ser inevitável e desistir da ordem lógica da vida passa a ser uma necessidade. 

domingo, 15 de julho de 2012

Ter certeza do ser mesmo que não seja

Os anos vão se passando... Os malandros vão ficando trouxas por insistirem sempre nos mesmos truques e os trouxas se tornam malandros por não acreditarem mais em qualquer historinha mal contada. E para facilitar ainda mais a vida, a internet está aí para provar quem é de verdade e quem é de mentira neste mundo moderno.

Não, este não é mais um post de falsidade, até por que, como eu disse, os trouxas são os malandros da atualidade. A farsa, no caso, é do indivíduo consigo mesmo. Depois que o santo Google surgiu, os especialistas se aglomeraram não só na web, mas nas ruas (através dos seus mobiles). Se acham os verdadeiros discípulos do buscador e afirmam com veracidade as mentiras formuladas em seus pequeninos cérebros.

Hoje, a cultura do falar demais e fingir que faz, está presente em nosso cotidiano. Já virou rotina. É válido querer saber mais e compartilhar as informações, mas há a longa distancia entre o ler, o entender, o digerir, o interpretar e o repassar. Está tão normal o ato de simplesmente vomitar conteúdo fazendo cara de quem o tem que as chances de se encontrar alguém que realmente o sabe são quase nulas.

Não é uma crítica, muito menos um aviso. É uma constatação diária da incompetência e da ingenuidade vivendo em harmonia na sociedade.