• RSS

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Faço listas

Listas, sim, mas não que eu seja organizada.

De coisas financeiramente inalcançáveis. Sumi.
Numeradas com beijos, amores. Rasguei.
De convidados das festas que não tive.
Daquelas de supermercado, acrescentei, risquei, amassei.
De presentes que nunca comprei.
Planos que não cumpri.
Objetivos para alcançar a felicidade eterna, fiz.

Conquistei uma coleção de papéis.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Curta sabedoria (Marcus Lotfi)

Eu parto do ponto que a vida tem seu próprio norte
E por mais que eu tente mudar, só me resta ser forte
Você faz um monte de planos e a vida ignora
Também pode morrer amanhã, apesar de estar vivo agora

Não ter medo da queda é quesito pra subir na vida
Quanto a isso, estou certo que a minha missão foi cumprida
O problema é que mesmo sem a vontade de desistir
Chega um tempo que a gente não pode nunca mais cair

Eu sei, isso é uma questão de prioridade
O que conta na vida, o que vai te deixar mais saudade
Se é fama e grana ou sua realização?
Você sempre perde alguma coisa, não tem jeito, não

Eu prefiro seguir meu destino, que desde menino eu já sei qual é
Mas quem disse que esse destino eu é que vou fazer?
Só posso ter foco e fazer sempre o meu melhor
E rezar pra obter o apoio do nosso Senhor

Parece que não mas eu já passei necessidade
Teve dia que eu não tinha grana pro pão nem pro gás
E quem é que não sabe que o riso do show, não é realidade?
Quem ri falsamente só faz pra esconder a dor

Quem é de verdade vai saber do que eu tô falando
Que é fácil remar quando o mar não está jogando
Trabalhar pra bancar o prazer ou fazer o jantar
A formiga trabalha, porém , também sabe cantar

Vai com calma, garoto, na hora de me criticar
De dizer que eu sou desertor da guerra que travei
Vê as canas que eu tomo, mas não vê os tombos que eu levo
Moleque, você não sabe o duro que eu dei

Se soubesse ia me apoiar e sentir muito orgulho
De saber que meus passos são dados com os pés no chão
Escute o conselho de quem já deu muito mergulho
Quem nada sem ter terra a vista, acaba num caixão

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Amor platônico

Esta não é mais uma crítica sobre a banalização do "eu te amo", pois todos já estamos cansados de saber e nos meter nas vidas - e amores - alheios. Muito menos irei falar da manifestação pública, em textos ou atos, do afeto entre casais, pai, mãe, filho... Sabe, de quem a gente "realmente" conhece.

Será que é preciso conhecer para amar? Vejo amores platônicos por pessoas, lugares e coisas que só são saudáveis quando adolescentes somos. Aquela paixonite aguda que se desfaz quando surge outro objeto de desejo mais bonitinho. Aquele país que você sonha em conhecer, deve ser maravilhoso mesmo, pois é necessário desdenhar da própria nação, onde não conhece nem o estado vizinho, para exaltar um ambiente que só sabe da existência pelo que ouviu dizer. Até mesmo aquela bolsa que custa o triplo seu salário, mas você a deseja tanto que despeja todo o seu amor por aquele objeto que sairá de moda em duas estações.

A capacidade e necessidade de amar do ser humano é algo admirável, porém inacreditável. Essa busca interminável por mergulhar em um universo de alguém que não sabe da sua existência, que não o conhece e, muito pior, que só mostra a face que deve ser revelada em público. Como amar parte da pessoa ou o que ela transparece ser? Seja aquele menino bonitinho da sua sala ou até aquele cara que aparece para você todas as noites na TV. Penso que esse distanciamento gera curiosidade, curiosidade gera busca, uma busca eterna do inalcançável e essa fixação pode gerar esse tal amor.

O que chamo de amor platônico não se limita a pessoas, como já disse. É essa mania do ser humano de desejar  e dizer que ama algo só por existir, como se aquilo fosse essencial para a existência. É essa intensidade exagerada desnecessária, o consumismo sem consumir, o ver para ter. Elogiar, ser elogiado, tudo faz parte, porém enquanto o outro usa atributos para ficar apresentável e fazer seus olhos brilharem, faça com que os olhos de outros brilhem por você também.

O ponto não é a adoração em si, mas a veneração de algo inalcançável. Quanto mais distante da nossa realidade, mais interessante o objeto se torna. Por que não olhamos para o lado e vemos as grandiosidades que nossos amigos, parentes ou vizinhos se tornaram? Talvez por que conheçamos também seus defeitos, o que equilibra essa relação de admiração e repulsa.

E o que dizer do amor do brasileiro por outros países. Relação às cegas, já que a maioria nunca saiu nem do seu próprio estado. Acredito que grande parte tem a vontade de conhecer outros lugares, culturas, pessoas e línguas. E, logicamente, cidades turísticas irão mostrar o que há de melhor para atrair mais pessoas e, consequentemente, mais dinheiro. Então, não acredite na ilusão que criaram sobre a perfeição daquele país.

Falar mal do Brasil faz sentido, lógico, pois a maioria das regiões não tem saneamento, asfalto, coleta de lixo, mas você não está pregado naquele espaço Conheça outros lugares, ninguém te impede, nem te impossibilita, também, de votar em quem irá fazer algo melhor pelo local onde vive - mas isso é assunto para outra postagem.

Por isso penso que muitas vezes devemos que nos distanciar das pessoas que não valorizam o que fazemos, não acreditam no que somos e o não entendem o que pretendemos para que esse afastamento faça despertar a curiosidade e, consequentemente, o amor e o fascínio. Talvez seja este o caminho das pedras para aqueles que são o oposto das ideias acima: os que são, que tem, que vivem.

por Daniel Cramer

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Indiretas

Leio frases nas redes, aquelas famosas indiretas e penso ser um alvo em potencial. Felizmente, ter esse espírito positivista não me deixa abater diretamente por depreciações, pois estas cada vez mais me fazem refletir sobre erros e acertos cometidos.

Mesmo após o choque da informação, não externo felicidade ou indignação, para a tristeza de alguns, ou, até mesmo, rebato a afirmativa por, pura e simples, preguiça. Agradeço, de coração, a todos os envolvidos por plantarem a iniciativa de me fazerem refletir profundamente sobre mim, mesmo nem sempre seja o alvo de críticas.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Diálogo

— Nem ligo. Eu quero que esse povo se dane. Tô cansada de "ter que" sempre alguma coisa pra ser aceita, para ser escutada. Tenho que ter cabelo "normal", tenho que ligar para as pessoas que não ligam pra mim (no figurado e no físico), tenho que ir, tenho que fazer, tenho que julgar...Só acho que devo começar a fazer o que eu quero.

— Nossa, que revolta!

— Mas é! Tô cansada disso. Acho incrível o povo se achar no direito de me cobrar coisas que não fazem o menor sentido, já que elas próprias não o fazem. Além disso, acho que quem caga pra certas coisas se aceita melhor e, consequentemente, é aceito (mesmo não precisando disso). Bem Luanapiovinismo mesmo.

— Mas também não é assim, né? Existem as convenções, as padrões...

— As babaquices...

— Se todo mundo fizesse o que desse na telha, o mundo estava o caos. "Ai, vou andar pelado na rua hoje, dane-se!"

— Por exemplo, o meu cabelo colorido influencia em que na vida das pessoas? O que o fato do fulano ser homossexual influencia na vida dos outros? Sicrano ser pobre/ rico/ branco/ negro/ católico/ crente ou macumbeiro vai mudar o que na vida de alguém que não seja?

Porra nenhuma!

— Não sei, faço o advogado do diabo. Tem que pesar os dois lados, por que cada coisa tem a consequência, né! Por exemplo, um gay assumido tem as consequências, um não-assumido, outras.

— Eu sei, mas não tô a fim de me preocupar os lados das coisas. Já me preocupei demais! O "problema" não é o fato de ser, mas das pessoas quererem ou não aceitar. Ninguém tem nada a ver com isso. Esse é o ponto. Se o cara quiser assumir ou não é uma questão interna dele, não dos outros. Entende o ponto de vista?

— Eu entendi, mas vale o risco? O estresse? A energia tem que ser focadas em outras coisas importantes. E olha que tudo isso por causa de um cabelo colorido que nem é tão grave! hahaha!

— Pra você ver... Risco de que? É só um cabelo!

— Sei lá, de perder trabalhos, de ser vista de outra forma. A gente ainda vive na formalidade.

— Mas é exatamente isso! Eu não quero viver com gente bitolada. Apenas.

— Mas gente bitolada paga bem.

— No meio que eu pretendo viver, não precisa ser "normal". Não quero ser jornalista, sentar na bancada. Não quero que vejam se meu cabelo tem um fio solto, se meu dente tá sujo de batom ou se eu gaguejei na hora de falar. Quero que vejam meu trabalho, o que eu faço. As pessoas quando conseguem se libertar, mostrar o que são, liberam também o lado criativo dentro elas. Não sentem medo de tentar, de ousar, de serem podadas pelo mundo. Não é só um cabelo que vai fazer isso. Começo a agir diferente e não agindo de acordo com o que o povo acha que eu tenho que fazer.

— É que eu fico preocupado com você. De ter que passar por isso "sem necessidade", entende? É duro não ser compreendido.

— Eu sei, eu sei de tudo! Só quero me livrar de TER QUE tudo.

— Por que a maioria das pessoas são como cavalos, usam aquele negócio para não enxergar ao redor.

— Pois eu quero seguir em todas as direções e, por isso, não passarei pelo caminho delas.

— Risos, xingamentos, agressões. Eu não tenho estrutura pra isso, ainda mais se eu posso escolher em ser "normal".

— Não quero esperar a oportunidade perfeita para finalmente abrir minha cabeça... Que me chamem de doida, drogada, ou que se surpreendam negativamente ou positivamente. Tentam me podar de todas as maneiras, meu jeito, minhas ideias, o que devo ou não fazer, e eu estava deixando fazerem isso.

— Esse é um dos motivos de eu não entender essa sede de ser diferente. Se vai causar tanto sofrimento e não vai mudar a cabeça das pessoas. Se fosse um artista famoso, poderoso, rico... Mas a pessoa é "normal", convive com gente real e não pode fugir disso quando quiser. É uma dinâmica que não entra na minha cabeça. Prefiro me adequar e não sofrer, do que tentar ser diferente e viver mal.

— Não posso me privar de ser eu mesma, deixando a sociedade colocar aquele tal negócio de cavalo em meus olhos. Existem tantas outras coisas para se fazer, pra se aprender, pra se ver... Simplesmente não posso.
Não sei de quem é a ilustração, se alguém souber, favor, avisar!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Valorização desfavorável

Dia desses estava lendo um site que eu simplesmente amo por me dar inspiração, base, tirar minhas dúvidas e ainda iluminar minhas ideias. O Fotografe uma Ideia!, FUI! para os íntimos, trata de todo o universo do fotógrafo, mostra de maneira simples como dar os primeiros passos, truques, acessórios, como também dicas do que levar para uma sessão - além do equipamento, lógico - edição e tratamento de imagem. Mas foi um post em específico que despertou minha vontade de escrever. Este!

O título é "10 maneiras de irritar um fotógrafo" e, de todos os itens citados no texto, creio que dez acontecem comigo. Sim, vocês fizeram a conta certa. E isso é muito triste e desgastante pois, de acordo com  minha apuração, não é só a desvalorização do trabalho do fotógrafo que é evidente, mas a descrença de que foi a profissão escolhida por mim e que sim, é trabalhosa - mesmo com a grande maioria desacreditando -, e muito, mas muito prazerosa.

Caso tenha escolhido uma profissão que te coloque atrás de uma mesa de escritório e que te impossibilite de ver a luz do dia, não me julgue por preferir não viver assim. Melhor rever o que está acontecendo de errado com sua vida. Se não tem amor pelo que faz, não me critique por amar minha escolha. Como já disse em posts anteriores, prefiro fazer meu horário e ver a luz que me agrada, se a do dia, ou a que a lua reflete do sol.

Outra coisa que constatei nesses dois anos que tenho estudado, trabalhado, me dedicado e investido -financeiramente, mentalmente e fisicamente - é que, pelo fato de eu ter um trabalho fixo de segunda à sexta-feira, de 9h da manhã às 18h, encaram a fotografia, para mim, como um hobby e não como uma renda extra que me dá prazer em fazer. Só não podemos esquecer que, por causa dos itens citados acima, infelizmente ainda não posso me dar ao luxo de me jogar de cabeça nesse universo. E, aproveitando minha formação em jornalismo, posso atuar em uma área onde garanto aquilo que todos precisamos, o dinheiro.

Falando em dinheiro, por favor, trocar trabalho por visibilidade? Visibilidade não paga as contas. Depois de um tempo fazendo coisas na amizade, no amor e na necessidade de treinamento e exposição, você percebe que essa fase passa, que realmente está pronto para encarar o mercado. Alguns acham que quando você começa a cobrar por aquilo é ganancioso. Ganância? Sério? Todos nesse mundo, fazendo o que curtem ou não, recebem um salário por isso. Juro que é verdade!

Uma coisa é participar de um evento, um projeto ou um ensaio onde todos estão colaborando com o que tem. Uns a ideia, outros a mão de obra e outros o equipamento. Sim, isso, em alguns casos, vale a pena. Participar de uma experiência em conjunto onde todos irão colaborar, pode ser válido até mesmo para quem já trabalha há anos. São conhecimentos diferentes em diversas áreas que podem agregar-se entre si. Injusto é quando, enquanto um ganha através do seu trabalho e você continua recebendo somente a tal visibilidade.

Me sinto naquela fase de que já não sou amadora, por ter experiência e já ter feito alguns trabalhos, mas não cheguei ao nível profissional que eu almejo. Acredito que o melhor profissional seja aquele que sempre se atualiza, busca novas técnicas e mesmo sem a câmera, captura com os olhos. Mesmo quando souber todas as coisas do mundo, não pretendo ficar estática e me tornar mais uma apertadora de botão, já temos muitos no mercado.


- Voltando ao post do FUI!, gostaria de acrescentar mais um item: "Grazi, você vai levar sua câmera?" Gente, sério, câmera não é cachorro, não a levo para passear. :)