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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Hino à Cidade Nova

Os maiores jornais do Rio de Janeiro fazem parte deste bairro, mas não temos notícias por aqui;
Os travestis florescem nossos orelhões;
Temos nossas próprias celebridades;
O Roberto Carlos também manca da perna, mas este só vende doces;
A Cidinha Campos, essa sim é a cópia ruiva da original, e ainda leva um cachorro tarado nos elevadores do prédio de número 30;
Nas ruas sente-se o carnaval, porém depois que ele passa, deixando seus bêbados sobre as calçadas e o famoso mijo nos muros;
O Quartel da PM fica ao nosso lado, mas ainda ouvem-se os tiros das 'saidinhas de banco';
Suas estruturas estão em constante mudança, mas sua fachada é sempre a mesma, remendada;
Este é o bairro onde todo mundo se conhece, mas não conhecemos ninguém, pois todos tem algo, coisa ou membro a esconder;
Cidade Nova, velha, abandonada, renovada, decaída, destruída e reerguida.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Vida de passageiro

Sou uma usuária de transportes públicos, assumo. Nunca errei um ponto, um número de ônibus, a plataforma do trem ou a direção do metrô. Conheço as pessoas que viajam e sei quando estou atrasada ou quando elas que estão fora do horário normal.

Quando vou trabalhar pego Expresso e sei o macete de ir sentada a partir do Méier. Até para conseguir andar em um vagão vazio, sei como devo burlar as pessoas, os ferros e os ambulantes. Podemos dizer que sou uma personal da área e poderia até cobrar uma grana por isso, só não sei me desvencilhar de uma classe: a dos velhinhos!

No trem, coitados, eles não tem vez. Como não existe lugares especiais, e mesmo que existissem, não iriam conseguir sentar, nem mesmo em Santa Cruz ou Japeri, porque a única coisa que se consegue ver nos trens são os suvacos das pessoas e, um pouco dos bancos descascados. No metrô, eles conseguem com a técnica da puxada de cabelo ninja, que todo mundo já viu, mas para quem não viu, assista aqui:

(Não consegui colocar vídeo nesse cocô)

Nos ônibus, a situação é um pouquinho diferente. Existem, pelos menos, uns 6 lugares reservados para os fofuxos de cabeça branca, contando com aquele que também é para obesos. Mas, não, eles NÃO querem sentar naqueles lugares!

Pensando sobre esse assunto, no ônibus, claro, resolvi analisar o comportamento dos moçoilos e criei alguns questionamentos zuuuper bem bolados que quero compartilhar com vocês.

Constatação número 1: Velhinhos gostam de calor humano! É nítido isso quando você alguns deles passeando pelos ônibus lotados às 7h30 da manhã, sem necessidade, levando consigo uma capanga - esse tipo de bolsa veio antes da pochete e trata-se de uma pasta de couro em tamanho reduzido - e todo aquele ar de tranquilidade, recusando-do a sentar no primeiro lugar oferecido, no segundo, ele se senta.

Outro ponto que me intriga é se você faz parte de uma minoria, subentende-se que queira lutar pelos seus DIREITOS. E qual o direito do idoso dentro do ônibus? Um lugar nos bancos AMARELOS! Que me desculpem os senhores daltônicos e analfabetos, mas se tem um lugarzinho especial para você, não venha tentar sentar no meu! O mais interessante é que eles passam direto, vão para o fundão - nossa área de lazer e descanso - fazendo aquela cara de pidão querendo SEU lugar.

A fim de facilitar a vida dessas ilustríssimas figuras que enfeitam nossos ônibus com seu fashionismo de 1900 e antigamente, as empresas criaram assentos antes das roletas. Além de se sentarem com mais rapidez, não precisariam enfrentar milhares de passageiros amontoados, mas não! Aí voltamos ao tópico "calor humano".

Ainda tem os que se fazem de desentendido, querem sentar-se ao lado de pessoas de estatura mediana, magras e cheirosas e encaram sem dó, nem piedade a pessoinha que está ao lado de sua mira. Eu digo, não!
Essa vida de passageiro vai acabar, vou virar motorista! Só assim tenho o lugar reservado e não precisarei mais sentar na escada para curtir uma viajem bacana Valqueire X Praça XV em paz.