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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Fiorino 97

Tenho escutado - e lido - muitos discursos motivacionais não intencionais, porém bastante interessantes. Cada um tenta me fazer enxergar de ângulos diferentes o que não consigo ver até pouco tempo. Tudo me parece alcançável por instantes, mas bastam segundos para que minha imaginação e consciência façam um caminho cheio de dificuldades e obstáculos surgir.

Este não é para ser mais um desses textos de auto-ajuda chatos e utópicos, mas queria compartilhar uma história bem comum, talvez a mais comum de todas, sobre um cara, um sonho e uma ideia. Não, não pare de ler para me dizer que todas as histórias começam desse jeito, sei que sim.


Já estava em pé, já tinha me despedido e me encontrava na porta quando surgiu um assunto que está me consumindo até agora. O discurso foi simples, a ideia ainda mais, mas o significado daquilo era o que eu precisava no momento.

O sonho dele era abrir um buffet, mas não tinha dinheiro para investir em copos, bandejas, fritadeiras, forninhos, em pessoal e transporte ao mesmo tempo. Sim, o básico para começar. Não tive a informação se ficou pensando por muito tempo sobre como iria fazer o negócio funcionar, só que ele teve uma sacada genial.

Aos que se atreveram a pensar qual foi a ideia... Não, ele não investiu em propaganda. Pegou tudo o que tinha, comprou uma Fiorino 97* e um adesivo bem bonito com a sua logo para colar no veículo. Essa ação tão limitada poderia ser um tiro no pé. Afinal, como começar um negócio - que não é, no caso, uma transportadora - só com um carro adesivado?

Era o primeiro cliente que iria fazer o negócio funcionar. A maior parte do dinheiro era para o aluguel de material e a parcela mínima que sobrava, para a compra de itens de extrema sobrevivência para o de um buffet.


Me vi ali. Começando do zero. Ouvindo - e pensando - que o investimento poderia não dar certo. Ou talvez poderia. Tantas dúvidas. Como ele, não tenho como investir em equipamento pesado, em ferramentas, em acessórios e em equipe de uma só vez. Sou só eu e os meus itens essenciais.

Por incrível que pareça, o único concretismo nessa história que tento escrever todos os dias é a força de vontade. Vontade de crescer, vontade de ser. Quem não tem vontade? Mais abstrato que isso impossível. Como mensurar aquilo que não se tem forma? Como demonstrar aquilo que só existe internamente?

Dizem por aí que nossas palavras e pensamentos tem o poder de transformar o abstrato em realidade. Ele acreditou e hoje tem um buffet só dele, uma equipe, todo o aparato e, creio eu, um carro bem mais moderno.

Ainda estou no processo de trabalhar muito e ganhar pouco. Muita experiência e também ganho a famosa visibilidade que não paga as contas, mas tudo bem. E ainda tenho ajuda de amigos e cada um colabora como pode. Uns posam, outros apoiam, outros consultam e não importa a distância que estejam, unem suas forçar para que o mecanismo funcione, ainda que não perfeitamente. Imagine a minha vontade multiplicada? Não tem como não funcionar.


*O ano do carro foi invenção. Gosto de 97. Acho sonoro.

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