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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Submissão feminino-religiosa

Um das coisas que mais gosto de presenciar são debates. Na maioria das vezes, eu nem me intrometo no assunto, pois gosto de ver as opiniões divergentes se entrelaçando na minha cabeça e  abrindo minhas ideias para um universo novo de questionamentos. Mas quando isso não acontece na mesa do bar, na casa de amigos ou mesmo em longas conversas de telefone, me apego em comentários (com conteúdo) nas redes sociais e nos portais de comunicação. É muito interessante essa diversidade.

Como todos os dias, hoje não foi diferente. Um novo vídeo surgiu para ferver mentes, pois tratava de dois assuntos que sempre geram polêmica: o machismo e a religião. Abaixo você pode assistir um pedacinho do vídeo e saber um pouco da ideologia dessas senhoras de família e trabalhadoras (um paradoxo que ainda não compreendi, mas que vou expor logo, logo).



Assim que me deparei com esse vídeo, busquei de todas as formas não ter uma opinião formada sobre o que diziam. Tentei somente ouvir aquilo como uma verdade absoluta para elas e que, logicamente, alguns seriam completamente contra a tais afirmações.

Primeiramente, vamos falar sobre o paradoxo. Essas mulheres são visíveis líderes religiosas pregando para uma centena. Se, de acordo com elas, a mulher deve ser submissa ao homem, como então se tornaram uma voz ativa em meio a tantos? Fico na dúvida se conseguiram isso com as próprias pernas ou se algum ser do sexo masculino as ajudou a chegar nesse nível de gerenciamento mental coletivo.

Em alguns momentos elas afirmam que o papel da mulher em casa deve ser diferente. Que sim, ela pode trabalhar fora, já que as mesmas trabalham como pastoras, administradoras, cantoras, mas não deve deixar de lado as responsabilidades do lar. Se elas exercem as duas funções, esposa e funcionária, significa que suas seguidoras (e filhas) também podem ter essas duas funções, não é mesmo?

Porém, diferente disso, pregam que as meninas devem ser ensinadas a ser mães, donas de casa e não serem incentivadas a se formarem e serem independentes financeiramente, mentalmente e fisicamente. Não sei em que século essas senhoras se encontram e quantos sutiãs elas apagaram em meio a tanto incêndio de luta feminista para afirmarem que a dependência seja uma coisa gloriosa. Primeiro, uma coisa não anula a outra e, se a mulher de hoje, inclusive essas senhoras, trabalham fora, como os maridos, tem direitos, como os homens, o por quê sobrecarregar somente em uma das partes de um casamento?

Em que momento a mulher ter uma carreira sólida e de sucesso anula o fato de ser cuidadosa com seu marido, filhos e casa? Também gostaria de entender como elas apoiam o papel do homem como explorador, pois ter um dono que te obriga a fazer as tarefas domésticas sozinha, a estar linda, com a casa arrumada antes de chegar e com as crianças prontas para obedecerem suas ordens não me parece um regime familiar, mas uma ditadura.

No caso, as filhas são doutrinadas a serem esposas e os filhos para serem o que quiserem, um clássico machista! Longe de mim querer ensinar como educar alguém, até por que cada um ensina o que pode e como pode, mas fico admirada com aquele tipo de pessoa, que tem todo o acesso, se restringir e repetir aquilo que lhe foi imposto pela família, pela religião ou pela sociedade. Por isso existem tantos reflexos ruins, por medo de se transformarem em algo diferente do padrão que lhe foi apresentado durante a infância.

Por um lado acho bacana essas senhoras terem exposto as opiniões sobre a estrutura de um lar, afinal liberdade de expressão é isso. Também fico feliz por conseguirem viver dessa maneira, que para mim é uma alienação. Por outro lado, é péssimo esse tipo de pensamento ser proposto do maior para o menor fazendo com que famílias sigam esse tipo de regrinha imposta por qualquer religião que seja. A vida nos apresenta milhares de caminhos a seguir, mas antes dela, os pais tem o dever de mostrá-los, de dizer a opinião deles sobre tais, mas não cabe a eles, usando Deus como escudo, impor o que é certo ou errado, isso é de cada um.

Tanto que, se a sua religião fosse verdade absoluta, não existiria essa variedade de "deuses". Cada um tem seu Deus, sua verdade, seu segmento e isso é muito pessoal. Impor um modo certo de viver pode servir para alguns e não para a grande maioria. Existem tantas famílias mistas que vivem em harmonia, cada um com sua religiosidade e o amor em comum. É o amor que sustenta uma família e não uma proposta retrógrada de como deve se viver.

Um brinquedo de décadas atrás, mas que para estas moças deve ser bem atual.

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