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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Tempos modernos

O mundo está tão moderno, tão avançado, tão tecnológico, mas em um processo de regressão. Só irei pontuar um deles, pois é um fato que incomoda a mim e a tantos outros jovens que buscam seu lugarzinho ao sol. E o que não falta é sombra, meu caro.

Voltando um pouquinho no tempo, para um outro século não muito distante, eis que acontece a tal revolução que fez com que as fábricas entrassem em um ritmo frenético de produção. Como Chaplin mostra no filme Tempos Modernos, cada trabalhador exercia uma única função, o que acelerava o processo de fabricação e, por outro lado, alienava e restringia os funcionários fabris.

Anos e mais anos se passaram. A educação ficou mais acessível, logo a profissionalização e a capacitação para cargos mais complexos chegaram à grande maioria. Assim, clareiras se abriam e o sol surgia na cabeça de mais alguns "sortudos".

A concorrência começou a ficar mais forte. São muitos iguais e, alguns desses, com certas vantagens. Especializações, cursos, cursos, cursos, pós, mestrados, doutorados... Quanto mais diferenciados, mais iguais ficamos. Quanto mais conhecimento, mais a lista de tarefas a serem desenvolvidas cresce nas entrelinhas das vagas disponíveis no mercado.

Hoje, ao contrário da Revolução Industrial, empresas querem funcionários tão multiuso que, caso consigam exercer todas as funções que foram designadas, o trabalho só iria terminar, quiçá, em um mês. Buscam por pessoas inexistentes, pois os múltiplos talentos quase não encaixam entre si.

Não que as empresas sejam o lado negro, já que também tem seus problemas administrativos e financeiros. O governo, como também os trabalhadores, são culpados por esse sufocamento trabalhístico, mas isso é assunto para outro post.

Partindo do princípio de quem vos escreve, sinto que tenho a liberdade de compartilhar um pouco de onde me encaixo nisso tudo. Me formei em jornalismo, senti  faltava algo que me completasse e parti para a fotografia; e na necessidade aprofundar em tratamento de imagem, mergulhei no design. Todo esse caminho foi escolhido por conta própria, o que me satisfazia e me preenchia em determinados momentos.

Quando resolvo olhar os cargos aproximados dos meus estudos que estão disponíveis percebo que, além do que já faço, ainda tenho que saber malabares, colocar a cabeça na boca do leão e jogar amendoim para cima e pegar com a boca, metaforicamente, claro.

Jornalistas, hoje, precisam ser programadores, diagramadores, designers, além de exercerem todas as funções de repórter, cinegrafista e fotógrafo ao mesmo tempo. Perde-se na qualidade. Perde-se tempo. Perde-se trabalho.

Somos sempre ensinados a focar, ter objetivo e expectativas, mas isto custa caro financeiramente e intelectualmente. A frustração de não conseguir se encaixar por falta de conteúdo, sendo que você já te carga suficiente para encarar um mercado desigual e sufocador é constante. Sentida por mim e por tantos outros.

Os lugares ao sol estão se fechando novamente. As árvores sombrias ocupam o rosto da grande maioria. E fica a dúvida: De qual revolução estamos nos aproximando?

2 Comentário:

TB disse...

Boa tarde, meu nome é Thiago!
Conheci seu trabalho através da fotografia em um blog (trança Nagô), não sabia que era jornalista. Fico muito feliz de saber que ainda existem pessoas de mente iluminada como a sua. Sou estudante de serviço social, irei indicar esse poste para meus amigos de faculdade. Parabéns pelo blog, já sou fã.

Grazi Gama disse...

Thiago, fiquei MUITO feliz com seu elogio. Saber, por meio de seu comentário, que estou chegando devagarzinho nas pessoas e no pensamento de cada um, é incrível. Muito obrigada mesmo pelo carinho.