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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Ciclo

Não se sabe ainda se eram 12, 14 ou 15 crianças. Nem os adultos responsáveis pela integridade delas sabiam o número exato. Só eles sei que os esconderam, fizeram sinal para o ônibus parar e intimaram que o motorista abrisse a porta traseira. Avalanche infantil!

Quatro, dos cinco adultos, pagaram a passagem. O quinto disse que não tinha 2,75 reais e também entrou pela porta de trás. Interessante que todos estavam a caminho do parque de diversões, onde o passaporte de entrada custa em torno de 12 reais.

A euforia infantil é aceitável em uma sexta-feira depois da escola. Deveriam estar ansiosas para que aquele dia fatídico chegasse e pudessem finalmente sair de uma realidade não muito agradável. Se fossem perguntadas, fariam uma descrição grandiosa para aquele parque com mais de 50 anos e de manutenção precária.

Já os adultos, mais interessados na quantidade de cerveja que iriam beber, uivavam pelas janelas toda a alegria que o álcool poderia proporcionar-los naquela noite. O casal se olhava com uma vontade que parecia estar a caminho de outro lugar. Outros, indecisos, trocavam de lugar no coletivo, como se cada acento desse sensações diferentes.

A partir deste momento, as crianças começaram a inibir-se, quase que se escondiam constrangidas atrás dos bancos traseiros do ônibus. Amontoadas, conversavam baixinho e gargalhavam alto enquanto olhavam para seus responsáveis com medo de alguma represália. Dava para ouvir o burburinho e sentir a animação. Afinal, aquele tipo de passeio não parecia ser muito comum entre eles.

Mas a falta de educação dos adultos se sobressaía à risada dos pequenos a ponto de querer saltar alguns pontos antes só para não ficar presenciando a situação. O que entristece é saber que ainda no início da vida, já tinham a consciência de que aquela algazarra desrespeitava o resto dos ocupantes. E, que com o passar dos anos, isso irá se perder, os tornando iguais àqueles que repudiavam.

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