Quatro, dos cinco adultos, pagaram a passagem. O quinto disse que não tinha 2,75 reais e também entrou pela porta de trás. Interessante que todos estavam a caminho do parque de diversões, onde o passaporte de entrada custa em torno de 12 reais.
A euforia infantil é aceitável em uma sexta-feira depois da escola. Deveriam estar ansiosas para que aquele dia fatídico chegasse e pudessem finalmente sair de uma realidade não muito agradável. Se fossem perguntadas, fariam uma descrição grandiosa para aquele parque com mais de 50 anos e de manutenção precária.
Já os adultos, mais interessados na quantidade de cerveja que iriam beber, uivavam pelas janelas toda a alegria que o álcool poderia proporcionar-los naquela noite. O casal se olhava com uma vontade que parecia estar a caminho de outro lugar. Outros, indecisos, trocavam de lugar no coletivo, como se cada acento desse sensações diferentes.
A partir deste momento, as crianças começaram a inibir-se, quase que se escondiam constrangidas atrás dos bancos traseiros do ônibus. Amontoadas, conversavam baixinho e gargalhavam alto enquanto olhavam para seus responsáveis com medo de alguma represália. Dava para ouvir o burburinho e sentir a animação. Afinal, aquele tipo de passeio não parecia ser muito comum entre eles.
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