• RSS

terça-feira, 7 de maio de 2013

Sobre Matemático

Não o povo que habita a internet, mas a TV e os sites estão nos metralhando com a morte do traficante Matemático. Já não basta as rajadas que vimos na televisão, continuam multiplicando essa violência com quem diverge nas opiniões, sendo elas contra ou a favor da morte do bandido.

Vamos aos fatos? Sr. Márcio José Sabino Pereira, nome do já citado acima, recebeu um benefício em 2009 de ter o regime semi-aberto. Não, mas ele não voltou para sua cela, simplesmente ficou foragido cometendo mais crimes. A ficha criminal do digníssimo continha  26 inquéritos por tráfico de drogas, associação para o tráfico e homicídios. Fica claro que o cara não era um bom partido.

A pena de morte é proibida no Brasil desde 1889, com a Proclamação da República, porém é utilizada não oficialmente no nosso país, como este assassinato, por exemplo, que está gerando tanta revolta da mídia e dos populares.

Sempre fui a favor da pena morte para pessoas comprovadamente perigosas, mesmo fazendo uso de metralhadoras aéreas, como foi o caso da invasão do complexo da Penha. Quem de nós, que sofre com a violência do Rio, não torceu para que fossemos os vencedores daquele vídeo game da vida real em 2011?

A única diferença entre os dois casos foi única e exclusivamente o local escolhido. Enquanto para matar os traficantes do Complexo da Penha foi um matagal no cume do morro, para Matemático foram nas ruas da favela da Coreia, em Senador Camará.

Para nós, que não vivemos em comunidades, fica fácil apoiar a ação dos policiais, já que aqui no asfalto são os marginais que, em parte, vivem nesses locais, nos incomodam. E grande parte deles não tem mais jeito e deve ser eliminado, mesmo que seja com uma arma que dá 20 tiros por segundo.

Porém, para quem mora nesses lugares, não deve ter sido nada divertido, em um sábado a noite, ter a possibilidade de sua casa de alvejada de tiros. Está um Classe Média Sofre geral nas redes sociais que não perceberam que na favela existe tanta gente boa quanto no asfalto, mas para estes, elas devem ser insignificantes. Só mais um integrante do bolsa família, não é mesmo amiguinhos da nova classe C?

Todos apoiando a polícia pela ação bem sucedida. Mas e o povo da Coreia que deve ter ficado apavorado com as centenas de tiros disparados sobre suas cabeças? Pode ter sido um alívio ter se livrado de mais um desses inúteis, mas o trauma de não saber onde se esconder mesmo sob um teto talvez não seja esquecido facilmente.

A única pergunta que não me sai da cabeça é: por que aqui no asfalto um tiro é tão absurdo, mas centenas deles na favela é normal? A desculpa do bom motivo não deveria existir, pois poderia ser usada uma inteligência para que essa ação policial fosse planejada e executada de outra forma. Mesmo não tendo atingido ninguém fora do alvo, ninguém na favela ou asfalto gosta da possibilidade de tomar um tiro sendo inocente.



0 Comentário: