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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

“De repente 30”

A TV, os jornais e as revistas afirmam: a expectativa dos jovens de hoje é alcançar o sucesso profissional aos 30 anos. Atualmente com 24, acredito não estar muito perto disso, nem no caminho certo para tal feito.Amigos da mesma faixa etária, com essa mesma crença (que eu, inclusive), já se graduaram, fazem cursos, pós e mestrados e grande parte continua desempregada ou trocando qualquer trabalho por dinheiro.

Ninguém está convicto que o jogo não possa virar em menos de 10 anos, que uma oportunidade incrível possa surgir e a grande solução dos problemas financeiros, e de carreira,apareça como um passe de mágica. Porém, pensemos nas probabilidades...

Acredito que toda essa rapidez e instantaneidade da atualidade possa ser um dos motivos da expectativa do sucesso absoluto ter regredido 20 anos – antes era de 50! -e com os meios de comunicação acessíveis, dando voz ativa aos anônimos, abriu-se uma porta gratuita e uma entrada mais rápida para o sucesso.

Meu grande medo é que nós, jovens de vinte e poucos, que não nascemos com as facilidades que a vida moderna oferece e que tentamos tirar o proveito máximo, pois estamos sendo esmagados pelo avanço da tecnologia em velocidade nunca antes vista, viremos adultos - de 30 - frustrados.

Se pararmos para pensar friamente, não temos todo o tempo do mundo. Alguns poucos anos nos separam da nossa meta e, se já não é animador agora, quando os esperançosos 30 chegarem e nenhuma revolução acontecer, alguns de nós criarão as próprias metas, outros afundarão em desgostoeacredito que ninguém queria estar incluído em nenhuma das duas opções.

Não desisti. Afinal, ainda faltam seis anos para a grande linha de chegada, como também alguns amigos trilharam um caminho menor e já chegaram ao sucesso. A admiração que sinto faz com que se tornem modelos. Acredito que eles ainda não estejam satisfeitos por inteiro, mas certamente, estão mais próximos de alcançar a expectativa.

por Liniers

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Pretendo

Um dia pretendo me orgulhar em falar que peguei muito trem para estar onde eu estou hoje. Que conhecia os principais vendedores de determinados horários e que, mesmo conhecendo seus discursos, ria como se fosse a primeira vez.

Pretendo não me envergonhar de ser chamada de suburbana, de ter o cabelo bagunçado pelo vento forte que invadia o transporte ou pelas unhas descascadas por não tem tempo de fazer uma visita semanal à manicure.

Pretendo esquecer os números das linhas de ônibus e me orgulhar, em algum momento, de recordar qual é o destino. Também me lembrar de quando corria atrás deles e da sensação de ser estressante e engraçado ao mesmo tempo.

Pretendo sentir saudade da conversa com os vizinhos na calçada, de ouvir a música como um chamariz para seu aniversário. E que posso gritar pelo seu nome pelo muro a qualquer hora do dia quando precisar de ajuda.

Pretendo lembrar o meu desespero por não conseguir trabalhar por amor, mas que isso foi uma das causas que me fez fortalecida e preparada para chegar a um nível maravilhoso. E ainda colocar minhas gambiarras como troféu expostos em uma sala especial como lembrança de que, foi através delas, pude estar onde estou.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Moldes de conveniência

Me fascina nas crianças é não terem medo de ultrapassar limites. Tenho observado bastante o comportamento delas diante das dificuldades, das certezas, dos perigos e me deslumbrado cada reação.

Não importa qual o objeto de observação e a serventia dele. Tudo é desafiado, desmontado, equilibrado para atender a curiosidade dos pequenos de saber quais as possibilidades - além das que já existem - que aquilo poderá lhes oferecer.

No meio do processo, surge a interferência dos pais e tios - avós, não - para mostrar a maneira "correta" de se fazer as coisas. As asas começam a serem cortadas e as vontades interrompidas. Será que é nesse momento que a nossa criatividade começa a ser podada?

Começamos a nos influenciar nas opções que temos, nas escolhas que fazemos, pois temos uma referência, mesmo que distorcida, do que se deve fazer. Tudo passa a ser um tabu: quais cores podemos usar, que formas são apropriadas de se exibir, as palavras que não podem ser ditas.

Criamos um universo proibido e inapropriado. Quando adolescentes passamos a refletir, a discutir e desafiar o por quê disso tudo. Já adultos, estamos prontos e condicionados a pensar como uma maioria vazia e cheia de regras pré definidas.

A partir daí, a vida nos mostra que estamos prontos para trilhar o caminho inverso. Vimos exemplos de todas as formas, lemos alguns manuais, observamos comportamentos e passamos a reestruturar nossas ideias. Temos que forçar nossa memória, vontade e lembranças para que possamos desenvolver algo que realmente mude nossas mentes tão acinzentadas, mesmo tendo passado tempo demais.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Registros

Todos com os tripés armados e câmeras apontadas para o Morro Dois Irmãos. Era final da tarde, o sol já estava se pondo e um vento forte, gelado, fazia o equipamento tremer tanto quanto nós mesmos. Tenho por mim que a escolha do horário foi intencional, para termos aquele gostinho de uma saída fotográfica vários contras.

O Arpoador é lindo, realmente. Ainda mais para mim, que mesmo sendo carioca e já tendo andando por grande parte do Rio, nunca tinha parado para observar mais atentamente. Só o conhecia de dentro da janela de algum transporte e sempre com muita pressa.

Como em todas as praias, esta também é bem democrática. Enquanto alguns bebiam champagne com direito à taça e balde de gelo, outros vendiam bugigangas em cima de tapetes coloridos estendidos na calçada. Turistas, moradores, ambulantes. Todos.

Assim que sacamos as máquinas fotográficas de nossas bolsas, passamos a ser personagens secundários naquele cenário - Até porque não dá para competir irmamente com o Dois Irmãos - Trocadilhos, à parte, como éramos numerosos e com equipamentos nada discretos, começamos a despertar a curiosidade dos demais, sem distinção.

Foi curioso ver que, estimulados por nós, bastou apenas um tirar o celular ou a compacta do bolso para que todos repetissem a ação. Parecia cena de final filme onde o elenco principal chama os figurantes para fazerem aquela dancinha ridícula, só que bem mais interessante e emocionante, já que cada um fez o registro daquele momento com sua visão particular e única.

Um congestionamento de flashs, cliques, poses e sorrisos. Eramos o plano de fundo e os personagens principais. Os maestros daquele momento tão singular.

sábado, 18 de agosto de 2012

Iniciar. Desligar. Fim.

Criamos mundos perfeitos. É ótimo ter essa capacidade. Nem que seja somente na nossa imaginação, eles existem. Até que uma alma caridosa criou a internet e, enfim, estamos todos aqui reunidos; reinventando, de uma forma um pouquinho mais palpável, nossas maravilhas.

Reunimos, nas mais diversas plataformas, nossas conquistas, sonhos e futuras - e concretas - realizações. Como também coisas que nunca teremos, que nunca seremos, que nunca criamos e que nunca tínhamos pensado anteriormente. No lindo mundo do imaginário humano apoiado pela nossa querida internet, personalidades são criadas e sustentadas por máscaras de perfeição.

Não que isso seja sinônimo de falsidade, longe disso! Quem não quer viver em um mundo onde se pode manipular, coordenar, mexer em todas as peças em benefício próprio sem que altere a vida de outros propriamente? Cada universo criado é alterado a gosto de freguês e é compartilhado onde e quando este julgar mais adequado.

A grande sacada é descobrir se, quando o off é apertado e o on da Real Life é acionado, estes mesmos criativos, instruídos e opinativos se mantém da mesma maneira, ou se essa máscara da realidade imaginada cai, tornando-se comuns seres que estudam, que trabalham e que, por vezes, não tem nem uma vida social decente a ser mostrada.

No conforto da cadeira do computador, tudo. Fora dela, a personalidade forte e a auto-estima se  dissipam em um clique. Aqueles grandes amigos desaparecem quando a luz se apaga. Longas conversas na madrugada se transformam-se em "ois" tímidos frutos de acasos.

O preocupante é quando uma vida inteira depende de luz, tela, bateria. Se resume a compartilhamentos, até interessantes, mas que não se tem arquivados no cérebro para serem usados em lugares reais com pessoas reais. Uma vida solitária rodeada de seguidores. Uma vida concreta cercada de ninguém.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Choro de alegria

Um nó na garganta. Uma palpitação no peito. Um sorriso largo e despretensioso. E quase que imperceptível, aquela lágrima, que não se fez questão nenhuma de segurar, já percorreu por todo o rosto. Sem sentir nenhum incômodo daquele toque suave passando bem devagarzinho sobre a pele, sem nenhuma vergonha de expressar o sentimento profundo. Está entregue.

Mesmo com todos os contras, uma beleza intensa aflora. Como se o brilho que surge quando a luz reflete na lágrima viesse de uma camada escondida. Não há medo se ser julgado pela consequência ou pela causa. Nariz vermelho, olhos inchados, rosto molhado. Uma ligação, uma surpresa, um acontecimento. Não importa.

Depois do ápice, a queda. O sorriso se mantém, mas o coração acalmou e o nó se foi. Os dedos adormecem de tanto enxugar os vestígios das lágrimas. Falta o ar. Hora de respirar fundo, agradecer e esperar para que aquele momento se repita o mais breve possível. Já passou.


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Tempos modernos

O mundo está tão moderno, tão avançado, tão tecnológico, mas em um processo de regressão. Só irei pontuar um deles, pois é um fato que incomoda a mim e a tantos outros jovens que buscam seu lugarzinho ao sol. E o que não falta é sombra, meu caro.

Voltando um pouquinho no tempo, para um outro século não muito distante, eis que acontece a tal revolução que fez com que as fábricas entrassem em um ritmo frenético de produção. Como Chaplin mostra no filme Tempos Modernos, cada trabalhador exercia uma única função, o que acelerava o processo de fabricação e, por outro lado, alienava e restringia os funcionários fabris.

Anos e mais anos se passaram. A educação ficou mais acessível, logo a profissionalização e a capacitação para cargos mais complexos chegaram à grande maioria. Assim, clareiras se abriam e o sol surgia na cabeça de mais alguns "sortudos".

A concorrência começou a ficar mais forte. São muitos iguais e, alguns desses, com certas vantagens. Especializações, cursos, cursos, cursos, pós, mestrados, doutorados... Quanto mais diferenciados, mais iguais ficamos. Quanto mais conhecimento, mais a lista de tarefas a serem desenvolvidas cresce nas entrelinhas das vagas disponíveis no mercado.

Hoje, ao contrário da Revolução Industrial, empresas querem funcionários tão multiuso que, caso consigam exercer todas as funções que foram designadas, o trabalho só iria terminar, quiçá, em um mês. Buscam por pessoas inexistentes, pois os múltiplos talentos quase não encaixam entre si.

Não que as empresas sejam o lado negro, já que também tem seus problemas administrativos e financeiros. O governo, como também os trabalhadores, são culpados por esse sufocamento trabalhístico, mas isso é assunto para outro post.

Partindo do princípio de quem vos escreve, sinto que tenho a liberdade de compartilhar um pouco de onde me encaixo nisso tudo. Me formei em jornalismo, senti  faltava algo que me completasse e parti para a fotografia; e na necessidade aprofundar em tratamento de imagem, mergulhei no design. Todo esse caminho foi escolhido por conta própria, o que me satisfazia e me preenchia em determinados momentos.

Quando resolvo olhar os cargos aproximados dos meus estudos que estão disponíveis percebo que, além do que já faço, ainda tenho que saber malabares, colocar a cabeça na boca do leão e jogar amendoim para cima e pegar com a boca, metaforicamente, claro.

Jornalistas, hoje, precisam ser programadores, diagramadores, designers, além de exercerem todas as funções de repórter, cinegrafista e fotógrafo ao mesmo tempo. Perde-se na qualidade. Perde-se tempo. Perde-se trabalho.

Somos sempre ensinados a focar, ter objetivo e expectativas, mas isto custa caro financeiramente e intelectualmente. A frustração de não conseguir se encaixar por falta de conteúdo, sendo que você já te carga suficiente para encarar um mercado desigual e sufocador é constante. Sentida por mim e por tantos outros.

Os lugares ao sol estão se fechando novamente. As árvores sombrias ocupam o rosto da grande maioria. E fica a dúvida: De qual revolução estamos nos aproximando?

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Ciclo

Não se sabe ainda se eram 12, 14 ou 15 crianças. Nem os adultos responsáveis pela integridade delas sabiam o número exato. Só eles sei que os esconderam, fizeram sinal para o ônibus parar e intimaram que o motorista abrisse a porta traseira. Avalanche infantil!

Quatro, dos cinco adultos, pagaram a passagem. O quinto disse que não tinha 2,75 reais e também entrou pela porta de trás. Interessante que todos estavam a caminho do parque de diversões, onde o passaporte de entrada custa em torno de 12 reais.

A euforia infantil é aceitável em uma sexta-feira depois da escola. Deveriam estar ansiosas para que aquele dia fatídico chegasse e pudessem finalmente sair de uma realidade não muito agradável. Se fossem perguntadas, fariam uma descrição grandiosa para aquele parque com mais de 50 anos e de manutenção precária.

Já os adultos, mais interessados na quantidade de cerveja que iriam beber, uivavam pelas janelas toda a alegria que o álcool poderia proporcionar-los naquela noite. O casal se olhava com uma vontade que parecia estar a caminho de outro lugar. Outros, indecisos, trocavam de lugar no coletivo, como se cada acento desse sensações diferentes.

A partir deste momento, as crianças começaram a inibir-se, quase que se escondiam constrangidas atrás dos bancos traseiros do ônibus. Amontoadas, conversavam baixinho e gargalhavam alto enquanto olhavam para seus responsáveis com medo de alguma represália. Dava para ouvir o burburinho e sentir a animação. Afinal, aquele tipo de passeio não parecia ser muito comum entre eles.

Mas a falta de educação dos adultos se sobressaía à risada dos pequenos a ponto de querer saltar alguns pontos antes só para não ficar presenciando a situação. O que entristece é saber que ainda no início da vida, já tinham a consciência de que aquela algazarra desrespeitava o resto dos ocupantes. E, que com o passar dos anos, isso irá se perder, os tornando iguais àqueles que repudiavam.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Contágio

Três senhoras rindo despretensiosamente no trem chamavam a atenção de meio vagão. Não tinham vergonha de mostrarem alegria, nem de exibirem a falta de alguns dentes. Ninguém entendia nada, nem mesmo elas sabiam do que estavam rindo depois de passado algum tempo.

Aquilo realmente me chamou a atenção. Não pelo volume das gargalhadas, mas pela alegria contagiante. Todos sorriam, mas não delas, com elas. Foi uma cena inesquecível reparar o rosto de pessoas com olhos cansados e um sorriso no rosto, mesmo que todo o ambiete contrariasse o que expressavam.

Refleti durante segundos, não precisou mais tempo do que isso. Conclui que a felicidade existe, mas é tão sutil e passageira que, às vezes, nem prestamos a atenção quando acontece. E quando se faz presente, chega aos corações de quem está por perto, mesmo sem autorização, contagiando cada um.

por Liniers

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Multi única

Dois temas foram designados para aula de fotografia de amanhã: Autorretrato ou Intimidade. A única certeza que eu tive quando eles me foram apresentados: Não me conheço o suficiente pra fazer nenhum dos dois.

Toda vez que tenho que praticar qualquer exercício de introspecção, seja ele um teste vocacional, uma brincadeira no curso de inglês ou o caso citado acima, me desespero. Acredito que seja tão múltipla que se torna complicado resumir tudo em uma partícula. Cada uma delas se encaixa tão perfeitamente que para saber onde cada coisa começa e termina é um exercício de paciência.

É, eu não tenho essa paciência para tentar me descobrir completamente. Quero muito, mas desisto logo no início. Acredito que seja meu eu impedindo que eu consiga me desmontar e reestruturar novamente, já que ele (meu eu) vive fazendo isso por vontade própria todos os dias.

Por vezes, me pego tão focada nisso que acabo não enxergando o que está a minha volta ou dentro de mim, baixa a síndrome de artista junto com as crises criativas e existenciais. O resultado já se sabe, continuo sem saber.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O final

Muitas perdas, mesmo que não diretamente minhas, nos últimos meses. Todas tão repentinas. Achei que fosse demorar mais um pouco para essa sequência triste da vida se fazer evidente. É essa constância que me assusta, não o fato das pessoas partirem, mas a sequência frenética de idas.

Sinto como se fôssemos frágeis demais... E realmente somos. Como se essa crença de final feliz realmente não existisse. Como posso falar somente pelos que ficam, perder uma pessoa importante não me parece ser um caminho para essa tal felicidade. É como se nosso mundo acabasse quando o outro fecha os olhos.

O grande problema não é a morte em si, mas não ter a certeza de, se quando partimos, tudo vai acabar ou se ainda temos uma - ou inúmeras - chance(s) de retornar e reencontrar nossos queridos, mesmo eles tendo nomes, profissões, endereços e personalidades diferentes. A grande questão é deixar de viver - no sentido de explorar, conhecer, aprender. Como também de conviver, de sentir, de estar. Este, sim, é o maior medo.

As feridas de quem fica se tornam cicatrizes e elas não são bonitas de serem exibidas. Esse é o único resultado do tempo: marcas. Quem dera se ele curasse, mas só ameniza quele vazio inexplicável que se instala em nossa alma.

Mesmo com toda a certeza de que iremos morrer, não há certeza alguma de viver.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Estrada da vida

Nunca sabemos quando vai haver uma bifurcação. E, somente depois que passamos por ela, é possível e traçar exatamente quais foram as escolhas, os caminhos e onde realmente estamos. Isso seria ótimo se pudéssemos voltar e interferir no futuro, que no caso, é o presente. Quem nos dera se conseguíssemos desenrolar tudo assim, mas se acontecesse do jeitinho que nós quiséssemos não se chamaria "vida".